Em evento, Bolsonaro silencia sobre caso do MEC

Presidente discursou durante 20 minutos em Balneário Camboriú (SC), mas nada falou sobre as suspeitas de vazamento

Um dia após ser citado em inquérito da Polícia Federal por suspeita de vazamento de informações sigilosas relacionadas ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro participou, na manhã de ontem, de um evento evangélico em Balneário Camboriú (SC). Discursou

por cerca de 20 minutos, porém não tratou do assunto em nenhum momento. No discurso, Bolsonaro fez uma defesa de seu governo, sem citar as suspeitas de corrupção no Ministério da Educação (MEC). Afirmou que as eleições deste ano serão uma disputa “do bem contra o mal” e que não pode ficar “calado” se estiver ocorrendo “algo de mal” com outras pessoas, sem especificar ao que estava se referindo.

— Não podemos admitir que enquanto estiver acontecendo algo de mal para os outros, nós fiquemos calados do lado de cá. Esse mal vai bater na sua porta um dia —afirmou o presidente. Em seguida, ele complementou:

—Por que lutar pelo poder a qualquer preço, mesmo que custe bem-estar e sofrimento para o nosso povo? Repito, seria muito mais fácil estar do outro lado. No dia anterior, um evento no qual o presidente participaria na Paraíba havia sido cancelado, após as denúncias envolvendo a atuação de pastores no MEC. Sua mulher, Michelle, também estava presente e discursou rapidamente no evento. Mais cedo, antes dos discursos, Bolsonaro caminhou por um pequeno trecho da praia da cidade. Na plateia do evento, em meio ao público, estava presente um alvo investigado pela Polícia Federal por suspeita de organizar atos antidemocráticos no último 7 de setembro: o líder caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão. Apesar de estar proibido de participar de redes sociais, não há uma proibição específica para sua presença em eventos. Ele é pré-candidato a deputado federal pelo PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro.

“Não podemos admitir que enquanto estiver acontecendo algo de mal para os outros, nós fiquemos calados do lado de cá” _ Jair Bolsonaro, presidente da República