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Os modelos de governo no Brasil

Brasileiro confia no jornalismo profissional mais que americanos, franceses ou japoneses, diz pesquisa

MERVAL PEREIRA

Éalvissareira a notícia de que a confiança dos brasileiros nas empresas jornalísticas supera a média mundial. O índice no Brasil é de 48%, seis pontos acima da média global, segundo o Relatório sobre Notícias Digitais de 2022, do Instituto Reuters. O brasileiro confia mais na imprensa que americanos (26%), franceses (29%), austríacos (41%), japoneses (44%) ou suíços (46%)— os finlandeses estão no topo do ranking, com 69%. O fato deve ser celebrado, especialmente diante do desafio imposto pela desinformação que inunda as redes sociais e pelos ataques do atual governo ao jornalismo. Out rodado relevante: em 2021, o país ficou em segundo lu garno percentual de entrevistados (40%) que disseram ter assinado algum veículo profissional de notícias( em primeiro, ficou Portugal, com 44%). Merece destaque o avanço da digitalização. Nos dois primeiros meses de 2021, 59% da circulação de notícias nos dez principais jornais brasileiros aconteceram no meio digital. No fim do ano, já eram 67%. A pesquisa também confirmou que O GLOBOéo jornal digital e impresso mais lido no Brasil.

Feito em 46 países entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, o levantamento evidencia também os desafios do jornalismo profissional. Apesar de o Brasil superara média global, o índice recuou seis pontos no último ano, seguindo a tendência mundial. O principal motivo —e um dos focos da pesquisa —foi o afastamento de leitores do noticiário depois do período de maior busca por notícias no primeiro ano da pandemia, que mergulhou o planeta em incertezas, paralisou as economias ejá matou milhões em todo o mundo. De acordo com o relatório, a quedano in teres seéa tribuídaàfa diga de amplos setores da sociedade, entre outros fatores, pelo excesso de notícias sobre o coronavírus. No Brasil, esse desengajamento foi reconhecido por 54% dos entrevistados.

A constatação da confiança elevada dos brasileiros nas empresas jornalísticas ganha ainda mais importância num cenário em que a atividade está sob constante ataque no governo Jair Bolsonaro. Em três anos emeio de mandato, são incontáveis os episódios de agressões verbais, intimidação e cerceamento a jornalistas patrocinados pelo chefe da nação, que só quer ouvir as notícias que lhe agradam. Seus partidários também são frequentemente mobilizados para agredir jornalistas. No ano passado, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) contou 430 ataques a profissionais e veículos de comunicação, um recorde. Os resultados da pesquisa são também um alento diante da epidemia de notícias falsas que contamina os brasileiros, disseminada pelas redes sociais, por vezes coma contribuição valiosa do própriop residente. De acordo como relatório, a América Lat in aéa região on demais circulou desinformação sobre a Covid-19 e política em geral. A imprensa livre e independente é um dos pilares de qualquer Estado democrático que se preze. Confiar no jornalismo profissional é confiar na sobrevivência da própria democracia.

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2022-06-26T07:00:00.0000000Z

2022-06-26T07:00:00.0000000Z

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