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Espírito Santo avalia CoronaVac em crianças e jovens

Estudo espera incluir 1.280 pessoas de 3 a 17 anos de idade; imunizante do Butantan será comparada com a da Pfizer

MELISSA DUARTE melissa.duarte@bsb.oglobo.com.br

O Espírito Santo realiza um estudo para avaliar a eficácia, a segurança e a resposta imune da CoronaVac em crianças e jovens de 3 a 17 anos. É o chamado Projeto Curumim, que vem do tupi-guarani “menino”. Os resultados serão comparados aos da vacina Pfizer, liberada para o público a partir de 5 anos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve decidir hoje se libera a vacina para a faixa etária.

A meta é alcançar 1.280 voluntários que ainda não tenham sido vacinados contra a Covid-19, independentemente de já terem contraído a doença.

— O que motivou o estudo foi o fato de a CoronaVac ter uma plataforma de vírus inativado, que é, talvez, a mais conhecida para a vacinação em crianças. Em geral, elas, nessa faixa etária que estamos testando, têm uma melhor resposta às vacinas do que os adultos, adultos jovens e idosos. Esta é a nossa hipótese: que seja tão boa quanto a Pfizer, mas com menos efeitos colaterais — explica a coordenadora do projeto, Valéria Valim.

Nove crianças já receberam a primeira dose na última sexta-feira. Outros 90 voluntários devem participar ainda nesta semana. A partir da próxima, esse número sobe para 250.

Além de serem vacinados, crianças e jovens serão acompanhados por um ano por infectologistas, pediatras, cientistas e enfermeiros a fim de avaliar a imunidade a partir de coletas de sangue periódicas. Ao todo, serão cinco. Também haverá avaliação clínica e monitoramento de eventuais efeitos adversos.

— Escolhemos não comparar com placebo porque a Pfizer já está sendo distribuída. Se a faixa etária é mais precoce, abaixo de 5 (anos), vamos dar CoronaVac por questão de segurança — afirma a professora da Ufes.

As inscrições pelo formulário on-line começaram ontem e devem ficar abertas até todas as vagas serem preenchidas.

O trabalho é conduzido pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam/EBSERH) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com apoio do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) e do Instituto Butantan. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde do Espírito Santo (SES-ES) participam do delineamento do estudo e da logística.

— Acreditamos que os resultados finais vão confirmar as hipóteses levantadas de que a vacina é imunogênica, segura e eficaz para as idades pediátricas — declara o secretário de Saúde do Espírito Santo e vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Nésio Fernandes.

Pais ou responsáveis devem autorizar a participação dos voluntários.

A avaliação é de que a aprovação deve acelerar a vacinação infanto-juvenil no Brasil, um dos gargalos a serem vencidos em 2022. Até o momento, o ministério comprou 20 milhões de doses pediátricas da Pfizer, que devem ser aplicadas no primeiro trimestre.

—As vantagens de ter mais de um imunizante são várias: primeiro, disponibiliza a cobertura vacinal mais rapidamente; segundo, a CoronaVac é de produção nacional; terceiro, essa possibilidade de descer até as faixas etárias mais precoces — finaliza Valim, que também é pesquisadora do Hucam.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já sinalizou que a pasta deve comprar a CoronaVac, se houver autorização da Anvisa .

Saúde

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2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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