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Vamos parar de pôr a culpa no metabolismo

Marcio Atalla Formado em Educação Física com especialização em treinamento de atletas de alto nível e pós-graduação em Nutrição pela USP.

Aquela velha história de que com o passar dos anos o metabolismo vai ficando mais lento ficou velha mesmo! Um estudo científico publicado na revista Science está dando o que falar. O estudo foi feito por mais de 40 anos, com cer cade 6.400 participantes de 29 países diferentes,de bebês com 8 dias devida até idosos de 90 anos, e envolveu 80 co autores que participaram do estudo fazendo as medições da quantidade de dióxido de carbono quando essas pessoas faziam atividade física, além de peso, altura, sexo e IMC. O objetivo era entender como funciona nosso metabolismo ao longo da vida.

O resultado é muito impressionante e acaba de vez com aquela história de que “a culpa é do metabolismo”, que com 30 já não é tão bom, com 40 fica ainda piore com 50 fica quase possível impossível emagrecere ter disposição. Afinal, acreditava-seque a taxa metabólica ia caindo, gradativamente, desde os 30 até o final dos dias. Nada disso. O que esse estudo comprovou é bem diferente. Segundo os resultados obtidos, nosso metabolismo sofre alterações em apenas quatro momentos da vida. Fica dividido assim: no primeiro ano de vida a queima calórica acelera rapidamente e chega a ser o dobro do valor mé diodos adultos. De 1 até 20 anosa taxa metabólica cai, gradativamente, 3% ao ano. Quando chegamos aos 20 anos, essa mesma taxa atinge um platô que, pasmem, será o mesmo até os 60 anos deidade !! Aí, sim, após os 60 anos ela começa aca irem torno de 0,7% ao ano, e a desculpado metabolismo pode ser, finalmente, usada para os 60+. Não foi comprovado nenhum aumento do metabolismo na puberdade ou gravidez, assim como nenhuma desaceleração durante a menopausa.

Para descobrir o impacto da idade na queima de calorias, os cientistas ajustaram fatores como tamanho do corpo e quantidade de massa muscular (volume e músculos promovem uma queima calórica maior) e, dessa forma, compararam o metabolismo das pessoas por cada quilo. Todos os participantes fizeram um teste chamado “água duplamente marcada”, em que todos bebem uma água em que parte do hidrogênio e do oxigênio são substituídos por isótopos, que podem ser rastreados na urina. Calculando quanto hidrogênio e oxigênio você perde por dia, pode-se saber quanto dióxido de carbono o corpo produz diariamente. Essa medida é muito precisa no cálculo da quantidade de calorias que são queimadas, porque não existe queima calórica sem produção de dióxido de carbono.

Os pesquisadores analisaram o gasto energético diário total médio, que inclui as calorias que queimamos fazendo todo tipo de atividade, desde respirar e digerir alimentos até pensar e movimentar o corpo. A pesquisa revelou que 65% do metabolismo basal é usado para que as funções do fígado, coração, cérebro e rins aconteça, e que esses órgãos somados equivalem a apenas 5 quilos do nosso peso corporal.

Logo, a justificativa de que o metabolismo ficou lento, que houve uma redução da velocidade metabólica, é errada. As reações enzimáticas continuam as mesmas. O que ocorre, com a idade, é que as células vão realmente parando de funcionar, porque no próprio processo de multiplicação acontecem certas desordens, certos erros genéticos, que impedem as novas células de se reproduzir. Isso se chama envelhecimento.

O que muda mesmo é a discrepância entre o que se come e o que se gasta. E isso, como eu sempre digo, acontece de uma forma imperceptível, com o passar do tempo. Bastam 100, 200 calorias a mais por dia. Na faixa etária dos 40 pra cima, bem naquele momento da vida que você passa a curtir comer melhor, sair mais pra jantar do que pra dançar, encontrar os amigos é sempre ao redor de uma mesa, e não na praia ou parque, fazendo algum esporte... Os hábitos mudam, a preguiça aumenta. São essas calorias a mais que entram e não saem, que antes eram “culpa do metabolismo”, mas que são a principal causa do ganho de peso. Esse estudo deixa claro a grande importância que nossos hábitos têm sobre nossa saúde e na manutenção de um peso considerado saudável, e o quanto precisamos equilibrar o nosso gasto calórico versus nossa ingestão de calorias. O quanto precisamos movimentar nosso corpo e fugir do sedentarismo.

Saúde

pt-br

2022-01-19T08:00:00.0000000Z

2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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