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Alta do petróleo deve pressionar preços de combustíveis

Barril do Brent superou US$ 88, maior cotação desde 2014. Goldman Sachs já prevê que valor chegue a US$ 100

LONDRES commodity (Vitor da Costa, com agências internacionais)

Opreço do barril de petróleo atingiu, ontem, o patamar mais alto em sete anos. Tensões geopolíticas, demanda robusta e sobrecarga logística explicam a alta da cotação.

O preço do barril do tipo Brent, com contrato para março, que chegou a ser cotado a mais de US$ 88,13, terminou o dia a US$ 87,51, com alta de 1,2%. É o maior patamar desde 30 de outubro de 2014, quando atingiu US$ 86,74. Na véspera, havia fechado em alta de 0,5%, a US$ 86,48 o barril.

Em um ambiente de preocupação global com o avanço da variante Ômicron, o preço do petróleo tem sido influenciado por uma gama de fatores que inclui tensões geopolíticas, perturbações na oferta e demanda crescente.

Houve uma série de interrupções na produção mundial, da Líbia à América do Norte. Um ataque com drones a instalações petrolíferas nos Emirados Árabes na segunda-feira aumentou os riscos geopolíticos que influenciam o preço da matéria-prima para combustíveis.

PRODUÇÃO INTERROMPIDA

Também nos Estados Unidos, o petróleo atingiu níveis recordes. O WTI, de referência no mercado americano, também encerrou na maior cotação desde outubro de 2014, a US$ 85,43. Este é o contrato de fevereiro, que expira amanhã.

No ano passado, o preço do petróleo Brent subiu mais de 50% e o do WTI, mais de 55%, impulsionados pela retomada da demanda global com o fim das restrições sanitárias no começo do ano.

— A demanda continua aumentando e a capacidade ociosa continua caindo, então isso deve manter os preços sustentados este ano —disse Giovanni Staunovo, analista do UBS Group AG, em Zurique.

O banco Goldman Sachs prevê que o Brent vai chegar a US$ 100 no terceiro trimestre do ano, o que significa mais aumentos do preço dos combustíveis ao longo deste ano.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, a tendência é que o preço da

continue alto tanto por fatores geopolíticos envolvendo importantes agentes nesse mercado quanto pela demanda aquecida:

— Do ponto de vista econômico, você tem pressão no preço, porque o mundo deve voltar a crescer um pouco este ano, os estoques da Opep estão sendo reduzidos e você não tem nenhum país que possa entrar com uma oferta que estabilize preço —afirmou.

REAJUSTES ADIANTE

Pires destaca que a cadeia do petróleo segue sofrendo os efeitos das paralisações impostas pela pandemia, que reduziram a produção de petróleo, diminuindo investimentos e quebrando a cadeia produtiva.

Internamente, a tendência é que os preços dos combustíveis continuem subindo. A companhia mantém a política de ajustar seus preços de acordo com os praticados no mercado internacional. O fato de o real estar desvalorizado ante o dólar aumenta ainda mais o preço ao consumidor, já que o petróleo é cotado em moeda americana.

Na semana passada, a estatal anunciou um novo aumento nos preços de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras. Foi o primeiro reajuste em 77 dias.

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), já há gasolina sendo vendida por R$ 7,89 nas bombas. Em janeiro de 2021, o litro da gasolina custava em média no Brasil R$ 4,483. De lá para cá, a alta chega a 47,4%.

— Se a Petrobras continuar com a autonomia que ela tem hoje, você vai ter altas de preços de gasolina, diesel e botijão, o que é inevitável. Além do petróleo estar caro, vamos continuar tendo um câmbio muito depreciado —afirmou Pires.

Ele destacou também que ainda há espaço para aumento em relação aos preços vistos no exterior.

Economia

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2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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