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Mourão: reajuste geral a servidores é impossível

Manifestação liderada pela elite do funcionalismo federal cobra aumento de salário, mas avaliação no governo é que presidente deve manter intenção de elevar vencimentos apenas para forças de segurança

JUSSARA SOARES, DIMITRIUS DANTAS, FERNANDA TRISOTTO E GABRIEL SHINOHARA economia@oglobo.com.br BRASÍLIA

As manifestações de servidores públicos realizadas ontem em Brasília não deverão fazer o presidente Jair Bolsonaro recuar da promessa de conceder reajustes somente para Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e agentes penitenciários, segundo fontes do governo. Ao comentar o protesto, puxado pela elite do funcionalismo, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que não há espaço no Orçamento para um reajuste generalizado de servidores e disse não ter certeza sequer do reajuste para as forças de segurança.

— Não tem espaço no Orçamento para isso. Não sei nem se o presidente vai conceder isso daí (aumento para agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional). Vamos aguardar a decisão do presidente.

O espaço orçamentário é muito pequeno —disse.

A primeira manifestação de servidores ocorreu, pela manhã, em frente ao Banco Central. À tarde, novo protesto, no Ministério da Economia. O sindicato de funcionários do BC afirma que 50% dos servidores paralisaram seu trabalho entre 10h e 12h, mas sem afetar serviços domo Pix e transferências bancárias. A autoridade monetária não comentou. A categoria está entre a elite do funcionalismo. Analistas do BC têm salário inicial de R$ 19.197,06.

REAJUSTE DE ATÉ 28%

De acordo com a organização dos atos, representantes de ao menos 40 carreiras do funcionalismo federal participaram dos atos, que pedem até 28% de reajuste. Além de servidores do BC, funcionários da Controladoria-Geral da União, procuradores, advogados da União, fiscais federais agrários e agropecuários participaram das manifestações.

Não estavam entre esses grupos os auditores fiscais da Receita Federal, que iniciaram a mobilização no serviço público cobrando a regulamentação do bônus de produtividade da categoria. Representantes dos auditores já se reuniram com o ministro Paulo Guedes, mas não houve solução. A avaliação no Palácio do Planalto é que a repercussão do protesto foi pequena e, portanto, sem força de mudar o cenário atual, de concentrar os reajuste nas forças policiais. O presidente tem até sextafeira para decidir sancionar o Orçamento de 2022, no qual foi reservado R$ 1,9 bilhão para conceder o aumento às categorias de segurança pública.

SEM APOIO

De acordo com integrantes no governo, somente se o movimento ganhar dimensão que provoque um desgaste político acentuado Bolsonaro poderá rever o posicionamento e vetar o aumento para as forças de segurança federais. A hipótese de Bolsonaro conceder o reajuste a todos os servidores é considerada remota. Auxiliares do presidente apostam que o pleito de servidores da elite do funcionalismo não ganhará o apoio da sociedade diante do cenário econômico.

Para Sérgio Ronaldo da Silva, coordenador da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef ), esse é apenas o início da mobilização.

— Estamos fazendo uma última tentativa de negociação —afirmou.

A avaliação do presidente do Fórum das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) Rudinei Marques, é de que o comparecimento aos protestos foi expressivo, principalmente se levadas em conta as restrições sanitárias.

—O recado foi dado para o governo —afirmou.

Economia

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2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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