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Novo recorde no mundo dos games

Microsoft compra Activision Blizzard

NOVA YORK

Na maior compra já feita pela Microsoft e recorde no setor, a big tech adquiriu por

US$ 68,7 bilhões a Activision Blizzard, dos games Call of Duty e Candy Crush. Negócio mira domínio do metaverso a longo prazo.

Omundo dos games tem um novo recorde: a compra da Activision Blizzard, lar de Call of Duty e Candy Crush, pela Microsoft, por US$ 68,7 bilhões em dinheiro, é o maior negócio já realizado no setor. Com a operação, a fabricante do Xbox se torna a terceira maior empresa de games em receita, atrás da chinesa Tencent e da japonesa Sony.

A transação, além de expandir o portfólio do Xbox, permitirá que a Microsoft cresça no mercado de jogos para celular e no metaverso, parte da estratégia do CEO da empresa, Satya Nadella, de focar em conteúdo e computação na nuvem.

A oferta da Microsoft, de US$ 95 por ação, tem um prêmio de 45% em relação ao fechamento dos papéis da Activision na sexta-feira — na segunda os mercados americanos não funcionaram devido ao Dia de Martin Luther King.

As ações da Activision subiram quase 38%, a US$ 85,40, nas negociações de pré-mercado. Elas chegaram a ser suspensas após a divulgação da operação, para depois fecharem com valorização de 25,88%, a US$ 82,31. Já as ações da Microsoft caíram 2,43%, a US$ 302,65.

CEO LEVARÁ US$ 375 MILHÕES

Esta será a maior aquisição da Microsoft até o momento, seguida pela compra do LinkedIn, em 2016, por US$ 26,2 bilhões, segundo o diário de negócios The Wall Street Journal. E o valor é pouco em relação ao valor de mercado da Microsoft, hoje em US$ 2,3 trilhões.

O WSJ lembra ainda que a Activision foi alvo de protestos de funcionários, nos últimos meses, devido a relatos de má conduta e assédio sexual entre os executivos da empresa. Na segunda-feira, a companhia disse que demitiu dezenas de executivos após uma investigação.

Pelo acordo, Bobby Kotick, que enfrentou pedidos para se demitir devido aos problemas culturais na empresa, permanecerá como CEO da Activision durante a transição. Depois, a divisão Activision Blizzard vai se reportar ao CEO da Microsoft Gaming, Phil Spencer.

Segundo o New York Times, a operação pode ser vista como uma vitória para Kotick, tendo em vista o ágio frente ao valor das ações. De acordo com a Bloomberg, Kotick deve receber, quando a operação estiver completa, US$ 375 milhões. Ele tem 4 milhões de ações da Activision.

A Microsoft, por sua vez, ao levar a biblioteca de jogos da Activision, como Call of Duty e Overwatch, vai garantir ao Xbox uma vantagem sobre o PlayStation, da Sony.

FOCO NO METAVERSO

A empresa fundada por Bill Gates e Steven Ballmer tem, nos últimos anos, voltado sua atenção para o segmento de games. Em 2014, comprou a Mojang Studios, conhecida principalmente pelo Minecraft, por US$ 2,5 bilhões. E, no ano passado, concluiu a aquisição de US$ 7,5 bilhões da ZeniMax Media, empresa-mãe da fabricante de jogos Bethesda, com títulos como Doom.

Segundo o NYT, a Microsoft ganharia os quase 400 milhões de usuários mensais de jogos da Activision. E, por trás disso, também está o objetivo de crescer no metaverso, que combina o mundo online tradicional com realidade virtual e aumentada.

“Os jogos são a categoria mais dinâmica e empolgante de entretenimento em todas as plataformas hoje e desempenharão um papel fundamental no desenvolvimento de plataformas metaverso”, afirmou Nadella em comunicado.

Hoje, os mundos virtuais são dominados por jogos, mas a esperança é que eles se expandam para substituir muitas atividades tradicionais de redes sociais on-line.

— Estamos falando de uma validação de que a gamificação vai fazer parte das soluções do dia a dia de todo mundo, seja nas soluções pessoais como nas profissionais, com desenvolvimento de conteúdo audiovisual e virtual, de games, para dentro das experiências de produto — diz Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, gestora especializada em tecnologia.

ATENÇÃO DAS AUTORIDADES

A compra da Activision daria à Microsoft um impulso significativo, em particular contra o Facebook, cuja empresa controladora foi rebatizada como Meta. E também reforçará as ofertas de realidade virtual do Xbox, que compete com o Oculus, do Facebook. Já a Activision teria acesso a uma vasta gama de inteligência artificial e outros talentos de programação.

O acordo também transformaria drasticamente a Microsoft. Apesar de ter o Xbox e os estúdios por trás de Minecraft e Halo, a empresa manteve um foco muito forte em usuários corporativos de software como o Office 365 e especialmente o Azure, divisão de computação em nuvem, que concorre com Amazon e Google. A demanda por videogames saltou na pandemia, com as pessoas recolhidas a suas casas. Na semana passada, a Take-Two Interactive comprou a Zynga, criadora de FarmVille, em um acordo de US$ 12,7 bilhões.

O acordo deve atrair a atenção das autoridades reguladoras americanas. Mas, para Dan Ives, analista da gestora Wedbush Securities, a Microsoft não sofre o mesmo escrutínio que Amazon, Apple, Facebook e Google. Em relatório, Ives disse que “Nadella viu a oportunidade de fazer uma grande aposta nos consumidores, enquanto as outras estão sob os holofotes dos reguladores e não podiam ir atrás de um ativo como esse.”

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2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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