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Bolsonaro terá que depor à PF até o dia 28

Prazo foi dado por Moraes no inquérito que apura vazamento de dados sigilosos em investigação sobre ataque hacker ao TSE

ANDRÉ DE SOUZA andre.renato@bsb.oglobo.com.br BRASÍLIA

Oministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o presidente Jair Bolsonaro preste depoimento até o próximo dia 28 no inquérito aberto para apurar se ele cometeu crime ao vazar dados sigilosos de investigação sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A informação sobre o prazo para o depoimento foi revelada pelo jornal “Folha de S.Paulo” e confirmada pelo GLOBO.

Bolsonaro divulgou as informações sigilosas durante uma live em agosto. O objetivo era desacreditar o sistema eletrônico de votação, mas o ataque hacker apurado pela Polícia Federal (PF) não afetou as urnas.

Em dezembro, a Polícia Federal chegou a intimar Bolsonaro a prestar depoimento. Por ser presidente da República, ele tem a prerrogativa de escolher data, horário e local para a oitiva. Por isso, o agendamento dependia de uma resposta do Palácio do Planalto à PF.

Essa investigação contra o presidente foi aberta por Moraes após um pedido do próprio TSE. Na mira também estão o deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR), que participou da transmissão com Bolsonaro, e o delegado responsável pelo inquérito do ataque hacker, Victor Neves Feitosa Campos, que foi afastado do caso por ordem de Moraes.

ATAQUES À DEMOCRACIA

Durante a live em suas redes sociais, Bolsonaro divulgou detalhes do inquérito sigiloso da Polícia Federal e distorceu informações para sugerir que a investigação comprovaria a vulnerabilidade das urnas eletrônicas, o que não é verdade.

No despacho que determinou a abertura da investigação, Moraes escreveu que, “sem a existência de qualquer justa causa, o sigilo dos autos foi levantado e teve o seu conteúdo parcialmente divulgado pelo Presidente da República, em entrevista conjunta com o deputado Felipe Barros, no intuito de tentar demonstrar a existência de fraudes nas eleições e ratificar suas declarações anteriores”.

Bolsonaro também se tornou alvo de investigação no inquérito das fake news, conduzido por Moraes, por causa da disseminação de notícias falsas a respeito das urnas eletrônicas. A ação foi aberta por sugestão do então corregedor do TSE, o ministro Luis Felipe Salomão. Ele classificou as falas do presidente como “relatos e declarações sem comprovação de fraudes no sistema eletrônico de votação com potenciais ataques à democracia e à legitimidade das eleições”.

Ao concordar com a abertura do inquérito administrativo, Moraes afirmou:

— Com a democracia, não se brinca. Com a democracia, não se joga. Com a democracia, não se desrespeitam as instituições.

Política

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2022-01-19T08:00:00.0000000Z

2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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