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Se Ucrânia for invadida, caberá ao Ocidente a defesa da democracia

Putin dá sinais de que pretende arrastar países da Otan a uma nova guerra em solo europeu

São cada vez mais evidentes os indícios de que op residente russo, Vladimir Putin, pretende invadira Ucrânia. O fracasso das negociações que sucederam à mobilização de tropas russas na fronteira demonstra que Putin desdenha a ameaça de sanções ocidentais, em virtude sobretudo da dependência da Europa de gás e energia russos. Uma nova guerra em solo europeu imporia ao Ocidente, fustigado pela pandemia, um desafio que não vive há décadas. P ut in sabe disso e almeja consolidar seu poder sobre as ex-repúblicas soviéticas que flertam coma União Europeia( UE) ou a Organização do Trata dodo Atlântico Norte (Otan). A Ucrânia —assim como a Geórgia —é crítica para a esfera de influência que ele ambiciona controlar.

A mobilização de 120 mil soldados na fronteira ucraniana, maior contingente russo desde a Segunda Guerra, é aprovada importância da iniciativa para ele. Uma análise do Centerfor Strategic and Interna tional Studies( CSIS) afirma que o objetivo russo é criar uma nova Cortina de Ferro, impermeável à influência ocidental, reunindo Leste Europeu, Irã, China e países asiáticos.

Entre os cenários traçados, o mais ameaçador — e improvável, em virtude do alto custo para a Rússia —seria a anexação do território ucraniano. Isso não significa, contudo, que os demais cenários sejam benévolos. O simples envolvimento num conflito traria um desgaste inevitável para o governo Joe Biden e para os demais países da Otan. Abandonar Ucrânia e os demais países dar egiãoàinfluên cia militar e econômicarussa não seria uma alternativa viável parau ma aliança cujo objetivoéa defesa da democracia e das liberdades.

A Rússia não tem interesse nem recursos para um conflito extenso ou ocupação prolongada. Para P ut in, seria suficiente consolidar as regiões ucranianas já sob controle russo, com anexação de territórios estratégicos no Mar Negro. O mais importante seria substituir o regime do presidente Volodymyr Zelensky por uma administração que pudesse teleguiar, como faz com os governos da Bielorrússia, Cazaquistão e outras ex-repúblicas soviéticas.

Tanto Biden quanto os líderes europeus já descartaram no médio prazo a expansão da Otan ou da UE que os russos tanto dizem temer. O temor de Putin é outro. Nas palavras do ex-embaixador americano em Moscou Michael McFaul: “Putin hoje não teme a expansão da Otan. Ele teme a democracia ucraniana ”. O sucesso de um país moderno, democrático eliberaln avizinhança, capaz de funcionar como novomodelo para are gião,é simplesmente intolerável para as pretensões de um autocrata que manipula eleições, censura informação, elimina oposição e sonha comas glórias do Império Russo.

“O iliberalismo na origem dos sistemas chinês, russo, iraniano e norte-core a noé a antítese dos valores do Iluminismo Ocidental. Desprezam a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa, o livre merca doe a democracia ”, afirmamos analistas do CSIS. Eles concluem que ainda há chan cede a razão prevalece rea Rússia abortara invasão. Se o pior acontecer, porém, caberá aos países ocidentais “resistir à tirania”.

Opinião Do Globo

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2022-01-19T08:00:00.0000000Z

2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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