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Mais de 1,8 mil militares da FAB recusaram vacina

Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação revelam que maioria do contingente da Força aderiu à imunização. Grupo resistente assinou termo assumindo responsabilidade por contrariar recomendação

BELA MEGALE bela@bsb.oglobo.com.br BRASÍLIA

Membros da Aeronáutica assinaram termo em que se responsabilizam por não se imunizarem.

Mais de 1.800 militares da Força Aérea Brasileira (FAB) estão em sintonia com o presidente Jair Bolsonaro quando o assunto é a vacinação contra a Covid-19. Até o fim do ano passado, 1.880 membros da Força ignoraram a ciência e optaram por assinar um termo em que assumem a responsabilidade por não se imunizarem. A FAB liberou o retorno de não vacinados ao trabalho presencial, mas com a condição de que os militares que não querem se imunizar assinassem o termo de recusa de vacinação.

A maioria do efetivo da Aeronáutica optou por se proteger. Dos 66.442 militares da ativa, 35.723 terminaram 2021 com as duas doses da vacina, 25.618 com a primeira dose, e 775 com a dose única. A dose de reforço foi aplicada em 544 militares da FAB. Os dados foram obtidos pelo GLOBO em 23 de dezembro, por meio da Lei de Acesso à Informação.

Em artigo publicado no seu site, a FAB informou que 93% do efetivo terminou 2021 com a primeira dose do imunizante, e 65% com duas doses ou vacinas de dose única. A publicação diz ainda que 13.658 militares da ativa da Força contraíram a Covid, o que representa cerca de 20% do contingente total da Aeronáutica.

Em outubro, O GLOBO revelou que militares da FAB receberam a opção de voltar ao trabalho presencial sem se vacinarem. A condição foi assinar o termo de recusa à imunização. No documento, o militar preenche seu nome e dados pessoais com a seguinte mensagem: “Declaro para os devidos fins que me recuso a ser vacinado contra a Covid-19, mesmo sendo encaminhado para a vacinação pela minha Organização Militar e orientado quanto à importância da vacinação para a imunização e proteção da minha saúde, estando ciente ainda que a falta de imunização, neste caso, não importará em não exercício das minhas atividades profissionais habituais”.

DIRETRIZES DO EXÉRCITO

No início do mês, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, divulgou um documento com a recomendação de que militares se vacinem para o retorno ao trabalho de forma presencial, mantenham o distanciamento e o uso da máscara. As indicações representam um contraponto à postura de Bolsonaro, que circula frequentemente sem o acessório e dá reiteradas declarações contra a imunização. Depois da publicação, o presidente manifestou irritação a aliados, e o Exército chegou a estudar a divulgação de uma nota explicando as diretrizes, mas a crise não ganhou escala, e o plano ficou de lado. O documento ainda prevê punição ao integrante da Força que divulgar fake news.

66.442 número de integrantes da FAB na ativa Lei de Acesso à Informação revela que 35.723 tomaram as duas doses de vacina em 2021

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2022-01-19T08:00:00.0000000Z

2022-01-19T08:00:00.0000000Z

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