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Presidente escapa de processo de impeachment no Peru

Essa foi a 5ª moção de julgamento político apresentada nos últimos quatro anos no país

LIMA

OCongresso do Peru, controlado pela oposição de direita, rejeitou ontem a abertura de um processo de destituição do presidente Pedro Castillo. O pedido de vacância por “incapacidade moral” obteve 46 votos a favor, seis a menos do que o necessário para alcançar o quórum de 40% à abertura do processo. Votaram contra a medida 76 deputados, enquanto outros quatro se abstiveram.

Apesar das divergências com o presidente, os 37 parlamentares do Peru Livre, partido que levou Castillo ao poder, rejeitaram a moção.Para remover o esquerdista Castillo do poder, a oposição precisaria de uma maioria de dois terços no Congresso, o que se comprovou como uma meta improvável.

A moção foi apresentada por três partidos de direita, incluindo o Força Popular, de Keiko Fujimori, que ficou em segundo lugar na eleição deste ano. Mas, após os últimos escândalos, parlamentares que inicialmente não concordavam com a proposta aderiram ao pedido sob a lógica de que, pelo menos assim, obrigariam Castillo a responder pelas denúncias que envolvem sua gestão.

O recurso do impeachment vem sendo muito utilizado no país como forma de controle político. Essa foi a quinta moção de julgamento político contra um presidente peruano nos últimos quatro anos, e a primeira a não ser aceita no período. Pedidos similares provocaram a queda dos chefes de Estado Pedro Pablo Kuczynski, em 2018, e Martín Vizcarra, em 2020.

NO CARGO HÁ 4 MESES

O presidente, que assumiu o poder há pouco mais de quatro meses, virou alvo após um escândalo de suposta interferência do governo em promoções militares, o que motivou o pedido de sua destituição. Por esse caso, ele também foi intimado a depor em 14 de dezembro à procuradora Zoraida Ávalos. O ministro da Defesa, Walter Ayala, e o secretário da Presidência, Bruno Pacheco, renunciaram depois que o caso veio à tona.

Além disso, na semana passada, promotores invadiram o palácio do governo, em Lima, onde fica o escritório de Castillo, e encontraram US$ 20 mil em dinheiro em um banheiro que supostamente pertencia a um conselheiro sênior. Castillo demitiu o assessor e disse que seu governo está comprometido com o combate à corrupção. O presidente também teria realizado reuniões em sua casa, sem divulgálas em sua agenda pública. Castillo negou qualquer irregularidade, dizendo que as reuniões foram de natureza pessoal.

QUEDA NA POPULARIDADE

Com tantos reveses consecutivos, o índice de aprovação do presidente, que atingiu o pico de 40% em setembro, caiu para 25%, de acordo com uma pesquisa recente do Instituto de Estudos Peruanos. Castillo perdeu o apoio da maioria em todos os grupos demográficos, incluindo os eleitores rurais e pobres, que eram seu bastião de apoio.

O plenário começou a discutir a moção quatro horas depois que o previsto inicialmente. Antes, prestou uma homenagem à Polícia e começou a interrogar o ministro da Educação, Carlos Gallardo, sobre outras questões.

O presidente convocou nos últimos dias um diálogo com os dirigentes da oposição na tentativa de se salvar do que qualificou como uma moção “sem respaldo e com absoluta irresponsabilidade”. No entanto, Keiko e outros líderes da direita se recusaram a falar com ele.

Desde que assumiu, no fim de julho, o professor rural, de 52 anos, tem sido perseguido pela oposição por seus próprios erros e por divergências em seu partido que causaram a saída de dez ministros. Durante a sessão do Parlamento em Lima, o presidente visitava as regiões sul-andinas. Vestido com um traje peruano típico, Castillo pediu por estabilidade econômica e política durante um comício para milhares de partidários em Juliaca, Puno.

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2021-12-08T08:00:00.0000000Z

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