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Parceiros em coalizão alemã firmam acordo para posse hoje

Documento precisava de aprovação de integrantes dos partidos; Merkel deixa o poder após 16 anos à frente do país

BERLIM

Acoalizão que comandará a Alemanha assinou formalmente ontem o acordo de governo negociado por dois meses, na véspera da sessão em que Olaf Scholz tomará posse, hoje, como chanceler, pondo fim a 16 anos da presença de Angela Merkel à frente da maior economia da Europa. No documento, social-democratas, verdes e liberais prometem priorizar a transição verde e o combate à emergência climática, além de modernizar a economia.

‘DESAFIOS DIFÍCEIS À FRENTE’

A coalizão improvável, negociada pelos social-democratas após uma estreita vitória nas eleições de 26 de setembro, será o primeiro governo tripartiteda Alemanha no pós-guerra. Sob o lema “Ouse mais progresso”, seus líderes assinaram o pacto de 177 páginas, apresentado em 25 de novembro e aprovado nos últimos dias pelos quadros das três legendas em consultas internas.

—Esta deve ser uma manhã para um recomeço — disse Scholz, até ontem ministro das Finanças e vice-chanceler do governo de coalizão liderado pela União Democrata Cristã (CDU) de Merkel.

O sentimento foi ecoado por Christian Lidner, líder do Partido Democrático Liberal (FDP), sucessor de Scholz à frente da economia alemã. Os colíderes dos verdes, que completam a coalizão, também terão papéis-chave: Annalena Baerbock comandará apolítica externa, a primeira mulher a ocupar o posto, e Robert Habeck liderará um superministério ambiental, supervisionando as políticas climáticas, além de ser vice-chanceler.

— A partir desta semana, queremos trabalhar pelo progresso. Não temos ilusões, os desafios à frente são difíceis — disse Lidner.

Hoje, o Parlamento fará a votação formal de Scholz para o cargo de chanceler lo gode manhã. Para ser confirmado, ele precisa do apoio de 369 dos 736 parlamentares. Social-democratas, liberais e verdes, juntos, têm 416 assentos, o que dá ao novo governo uma boa margem de folga.

O juramento de Scholz será seguido pelo anúncio formal e pela posse do Gabinete. O Partido Social-Democrata (SPD) terá seis ministérios, além de Scholz no comando do país. Os verdes terão cinco, com Habeck como vicechanceler. Os liberais comandarão quatro ministérios.

Se o país terá seu primeiro chanceler homem desde 2006, após Merkel decidir não concorrer à reeleição, terá também uma inédita paridade de gênero em seus ministérios, com oito homens e oito mulheres. Outra novidade é que elas estarão à frente das pastas relacionadas à segurança e à diplomacia.

ÔMICRON E FRONTEIRAS

Além de Baerbock nas Relações Exteriores, a social-democrata Nancy Faeser comandará o Interior, e Christine Lambrecht, também do SPD,aDefesa.Outronomerelevante é o de Karl Lauterbach para o Ministério da Saúde — um epidemiologista e parlamentar que tem sido um dos maiores defensores de uma resposta cautelosa à pandemia na Alemanha.

O combate à crise sanitária será uma prioridade do novo governo, que assume o poder em meio à quarta onda da doença e às incertezas sobre a nova cepa Ômicron. Scholz defendeu a vacinação obrigatória para alguns grupos, e a Comissão de Ética do país elabora um projeto de lei sobre o tema.

Internacionalmente, precisará lidar também com as situações tensas na fronteira da Rússia com a Ucrânia e da Bielorrússia com a Polônia, além de uma União Europeia internamente fragmentada, com a erosão democrática em VarsóviaeBudapeste,emparticular, causando preocupações. Mas, para o novo chanceler, fortalecer o bloco será prioridade.

Merkel, por sua vez, despediu-se simbolicamente do cargo de chanceler em uma cerimônia na quinta passada. Ela, que disse não saber o que fará em seguida, permaneceu no poder por 5.860 dias, apenas nove a menos que seu mentor, Helmut Kohl, o governante com mais tempo no comando da Alemanha desde Otto von Bismarck no século XIX.

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