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Suspeito de matar jornalista saudita é preso na França

Khashoggi foi assassinado em consulado de seu próprio país em 2018

PARIS

Um suspeito de envolvimento no assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto no consulado saudita em Istambul, em 2018, foi preso ontem no aeroporto de RoissyCharles de Gaulle. O suspeito, um ex-guarda real da Arábia Saudita identificado como Khalid Alotaibi, de 33 anos, estaria prestes a embarcar para Riad. Ele estava na lista de procurados da polícia francesa desde 2019.

O suspeito deverá comparecer hoje a um tribunal de apelação de Paris, que comunicará o mandado de prisão internacional solicitado pela Turquia.

A prisão ocorre três dias depois de um encontro entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, em Jedá, na Arábia Saudita. Governante de fato de seu país, Bin Salman é apontado como mandante do assassinato de Khashoggi. Um relatório da ONU chegou a afirmar, em 2019, ter evidências que o ligavam ao crime, conclusão compartilhada por juristas internacionais e organizações de defesa dos direitos humanos.

O governo saudita alega que o assassinato do jornalista foi uma “operação irregular de extradição” que acabou dando errado, e da qual Bin Salman não tinha conhecimento.

Khashoggi, que tinha uma coluna no jornal americano Washington Post, era um crítico da monarquia saudita e vivia nos EUA. Em outubro de 2018, ele foi ao consulado saudita em Istambul para tratar de documentos para o casamento com sua noiva, a turca Hatice Cengiz. Na representação diplomática, segundo investigações, ele foi morto e esquartejado por um comando enviado da Arábia Saudita. Seu corpo jamais foi encontrado. Ele tinha 59 anos.

Cengiz comentou no Twitter: “A França deveria julgá-lo por seu crime ou extraditá-lo para um país capaz e disposto a genuinamente investigá-lo e processá-lo, bem como a pessoa que deu a ordem para assassinar Jamal.”

Ontem, uma autoridade saudita disse que os verdadeiros condenados pelo crime estavam cumprindo pena na Arábia Saudita e que Alotaibi não tem relação com o caso. Na época, o julgamento dos acusados foi considerado uma “paródia judicial” pela ONU.

Mundo

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2021-12-08T08:00:00.0000000Z

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