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Os Beatles bebiam Skol? Filme dá ‘empurrãozinho’ na marca

‘Get back’ surpreende brasileiros com presença da cerveja no estúdio

RENNAN SETTI rennan.setti@oglobo.com.br haters,

Para pregar uma peça em seus a Skol investiu em campanha de TV recente na qual usa uma marca falsa de cerveja artesanal, a Klos, que não passa de uma Skol disfarçada em nova embalagem. Mas o marketing da Ambev tem deixado passar oportunidade muito mais poderosa de conquistar narizes torcidos para sua marca popular: os Beatles, pasmem, bebiam Skol.

O fato veio a público no documentário “Get Back”, o tour

de force do diretor Peter Jackson que, ao longo de sete horas e quarenta e oito minutos, reconstitui o tortuoso processo criativo em torno do álbum “Let It Be”. A parte que cabe à Skol nessa história tem a ver com um personagem secundário, mas crucial para seu desfecho.

Trata-se de Billy Preston, pianista que apareceu para o que seriaumarápidavisitaaoquarteto durante as gravações do álbum, inicialmente marcadas por clima pesado — George Harisson chegou a deixar brevemente a banda naqueles dias. Carismático, Preston desanuvia o ambiente e é logo convidado a participar das gravações. E é sobre seu piano elétrico, à metade do segundo episódio, que uma lata dourada de Skol irrompe na tela.

A aparição deixou telespectadores brasileiros atônitos, que foram às redes sociais relatar a estupefação.

Justiça seja feita, o documentário não mostra nenhum dos Beatles apreciando a bebida, consumida apenas por Billy Preston nas imagens. Mas o pianista não chegou com a cerveja debaixo do braço, e, se ela surge sobre seu instrumento, é porque constava dos refrigeradores da banda.

Marcio Beck, zitólogo (estudioso da cerveja) e consultor cervejeiro, esclarece o que aquela Skol estava fazendo ali, cinco décadas atrás:

— A Skol começou a ser produzida em 1958 na Escócia, mas já passou por diversas cervejarias, sob formato de licenciamento. A que os Beatles estavam bebendo no estúdio provavelmente é a versão que começou a ser produzida em 1964 por um consórcio formado pelas cervejarias Allied Breweries (Reino Unido), Labatt (Canadá), Pripps-Bryggerierna (Suécia) e Unibra (Bélgica).

Ele explica que, até hoje, a licença para produzir a Skol é pulverizada: diversos países têm versões diferentes.

Mas o certo é que o marketing da Ambev ganhou um empurrãozinho involuntário na tarefa de tornar cool sua marca popular. Afinal, a Klos nunca dividiu os estúdios com os Beatles. A Skol já.

Procurada pelo GLOBO, a Skol disse que “foi incrível perceber que os consumidores que viram a imagem do documentário dos Beatles fizeram logo associação com a nossa marca no Brasil.” Mas ponderou que a Skol do filme é de uma cervejaria estrangeira.

Mas, no Twitter, a marca entrou na brincadeira, republicando a reportagem do GLOBO: “Quando te marcam naquela foto da sua fase roqueira.” Em nota, prometeu mais:

“Quem sabe até uma homenagem à banda com um presente diretamente do Brasil para o Paul?! Afinal, Yellow não é só o Submarine, né?”

Este texto foi originalmente publicado na coluna de negócios Capital, no site do GLOBO: blogs.oglobo.globo.com/capital

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2021-12-08T08:00:00.0000000Z

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