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Servidores relatam pressão sobre extradição

AGUIRRE TALENTO, ANDRÉ DE SOUZA E MARIANA MUNIZ politica@oglobo.com.br BRASÍLIA

Em dep oim entoà Polícia Federal, três servidores com atuação no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça, acusam cúpula da pasta de interferência no processo de extradição do blogueiro bolson arista AllandosS antos, que está foragido.

Em depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), três funcionários do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) relataram pressões da cúpula do Ministério da Justiça no processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 6 de outubro. A PF investiga se houve tentativa de obstruir o procedimento por parte do governo federal.

Para a Polícia Federal, o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, pode ter cometido o crime de “embaraço a investigação de infração penal que envolva organização criminosa”, com pena prevista de reclusão de três a oito anos, por sua suposta tentativa de interferência no processo de extradição. Sant in ié ami godos filhos dop residente JairBol sonar o ejás e envolveu em controvérsias ao ocupar outros cargos no governo federal.

Os relatos de interferência foram feitos pela delegada da PF Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, ex-diretora do DRCI; pelo coordenador de extradição do DRCI, Rodrigo Sagastume; e pela diretora substituta do DRCI, Priscila Campelo. Silvia Amélia foi exonerada após ter encaminhado o processo de extradição. A PF afirma que sua exoneração ocorreu pelo fato de “não ter dado ciência” à cúpula do ministério sobre o procedimento.

Todos afirmam que o processo envolvendo Allan dos Santos foi o primeiro em que a cúpula do Ministério da Justiça pediu informações, cópia do procedimento e tentou interferir no curso da ação. Mas, quando isso ocorreu, o DRCI, que é subordinado à pasta, já tinha encaminhado o pedido de extradição para o Ministério das Relações Exteriores, que o despachou para os Estados Unidos.

Silvia Amélia relatou que recebeu um telefonema do chefe de gabinete do ministro

da Justiça, Anderson Torres, o brigadeiro Antônio Ramirez Lorenzo, pedindo informações sobre o caso. Como estava de férias, Silvia Amélia relata ter encaminhado o pleito para a diretora substituta, Priscila Campelo.

Em depoimento, Priscila Campelo, por sua vez, disse que “entrou em contato com o chefe de gabinete do MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), brigadeiro Lorenzo, o qual informou que o ministro do MJSP gostaria de obter informações sobre o fluxo do processo de extradição ativa, bem como em que momentos tal processo passaria pelo MJSP e qual o papel do MJSP nas etapas do mencionado pedido de extradição”.

RECLAMAÇÃO

Silvia Amélia disse ainda que Santini a chamou para uma reunião no dia 3 de novembro e reclamou do processo do blogueiro. “O secretário Vicente mencionou que a ausência de informação sobre o caso do Allan dos Santos causou um desconforto para o próprio secretário e para o MJSP”. Depois disso, Santini emitiu uma ordem para que todos os processos de extradição passassem por ele.

Já Sagastume afirmou que Santini convocou uma reunião na qualreclamouque“gostariadeter sido avisados obre o processo de extradição de Allandos Santos” eque“novos casos sensíveis” deveriam ser comunicados a ele.

Sagastume disse ainda que, antes do caso do blogueiro, “nunca foi questionado por superiores hierárquicos” a respeito de um processo de extradição.

Também ouvido pela PF, Santini negou ter tentado interferir. Admitiu que solicitou à diretora substituta do DRCI detalhes sobre a extradição do blogueiro, mas afirmou que “sua motivação era dar cumprimento à decisão judicial”, e relatou ter conversado com o ministro Anderson Torres apenas para informá-lo sobre o andamento do processo.

Santini disse que a ex-diretora do DRCI impediu seu acessoa documentos sem uma justificativa técnica, no caso do blogueiro. E afirmou ainda que conheceu Allan dos Santos em um evento público no início do governo Bolsonaro, mas que não manteve contato com ele. Em nota, o Ministério da Justiça disse que os depoimentos mostram que não houve tentativa de interferência.

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2021-12-08T08:00:00.0000000Z

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