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Réveillon terá fogos em Copacabana, mas com transporte restrito

Comitê científico do estado vai se reunir para dar seu parecer

GABRIEL SABÓIA, GIOVANNI MOURÃO E RAFAEL GALDO granderio@oglobo.com.br Colaborou Felipe Grinberg

O governador Cláudio Castro anunciou a realizaçãodo espetáculo pirotécnico na virada do ano na orla, mas sem shows e com transporte limitado para evitar aglomeração.

Após idas e vindas, o governador Cláudio Castro (PL) confirmou ontem que haverá queima de fogos em Copacabana, na Zona Sul, e em outros pontos da capital no réveillon, mas os shows musicais estão cancelados. No último sábado, o prefeito Eduardo Paes havia anunciado que a festa não aconteceria e, dois dias depois, voltou atrás. Numa rede social, ele escreveu que pediu a Castro para o comitê científico do estado analisara possibilidade de realização de espetáculos pirotécnicos na virada.

— Eu e o prefeito Eduardo Paes conversamos melhor sobre o tema. Achamos razoável o pedido pela exibição de fogos de artifício, mas concordamos em relação à variante Ômicron da Covid-19. Ainda definiremos como os transportes serão restritos nesses dias, mas já sabemos que não será permitido o estacionamento na orla. Essas medidas serão conversadas e alinhadas pelos comitês científicos estadual e municipal, além de secretários envolvidos nessa operação logística —afirmou Castro.

O governador disse ainda que, em vez de apresentações musicais, caixas de som podem ser instaladas nos pontos onde haverá fogos. Ele explicou que as secretarias de Transporte da capital e do estado vão discutir restrições para evitar um grande fluxo de pessoas principalmente para Copacabana. Se não houver esquema especial, o metrô, principal meio para chegar à orla de Copacabana, funcionará no dia 31 até meianoite e voltará a circular às 7 hn od ia1º.

Quando anunciou o cancelamento da festa, Paes justificou que a medida estava sendo tomada porque o comitê científico do estado não havia recomendado a realização do evento, apesar de o grupo de especialistas que assessora a prefeitura ter dado parecer favorável à comemoração.

—Eu entendo a preocupação do prefeito Eduardo Paes. Que fique claro: o comitê científico orienta a secretaria, que orienta o governador. Mas, a decisão final é minha e do Eduardo Paes. Temos a nossa decisão (de permitir a queima de fogos) e encaminharemos aos nossos comitês. A cidade não será fechada. Não há motivo para alarde. Provavelmente, não teremos festas para milhões de pessoas, mas não entendo o porquê de não termos festas particulares e fogos. Encaminharemos para os comitês, nesse sentido, para não acabar o réveillon.

O prefeito disse, no Twitter, que o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, “vai conduzir as negociações acerca do que é possível ser feito”.

— A princípio o que tivemos de sinalização hoje do governador foi positivo, mas estou aguardando o posicionamento formal dos comitês da prefeitura e do estado e anunciaremos nas próximas 48, 72 horas. Quando a gente tiver certeza, vamos dizer: Venham para o Rio que a cidade está aberta, e as coisas, funcionando — disse Paes, ontem à noite.

REUNIÃO NA SEXTA

Está marcada para sexta-feira uma reunião dos integrantes dos comitês da prefeitura e do estado. No último encontro entre os especialistas ligados ao governo estadual, uma das propostas era limitar a venda de passagens de metrô.

O anúncio feito por Castro pegou de surpresa integrantes do comitê científico estadual. Professor da UFRJ, o virologista Amilcar Tanuri disse ser contra à queima de fogos.

— O cancelamento dos showspodeatédiminuirorisco de contágio, mas nossa posição foi bem clara de não haver nada nas praias para evitar ao máximo essa circulação enorme de pessoas. De certa forma, essa decisão contraria a nossa recomendação. É um risco que a gente corre: se a variante Ômicron chegar aqui, vamos dar combustível para ela se estabelecer e crescer. Além disso, estamos enfrentando uma epidemia de Influenza A —afirmou.

Marcos Junqueira do Lago, infectologista da UERJ e membro do comitê estadual, segue a mesma linha:

— Temos uma incidência muito baixa de Covid no estado e na cidade, mas também temos a cepa Ômicron que está se estabelecendo. As chances de ocorrer um pico de infecção depois do réveillon é muito alta, assim como está ocorrendo em outros lugares do mundo. Esse meiotermo, de realizar só os fogos, não vai impedir que haja aglomeração. No caso das festas privadas, pelo menos em tese, a possibilidade de se fazer um controle na entrada, de se pedir um passaporte vacinal, é muito maior.

Assim como Tanuri e Lago, o epidemiologista da UFRJ Guilherme Werneck também não foi comunicado sobre a mudança:

—Pessoalmente, e de um modo geral, eu diria que é muito difícil fazer qualquer festividade em Copacabana sem haver aglomeração, mas isso é uma decisão do governador.

Professor de Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ, Rafael Galliez disse que prefere se manifestar após a reunião. Já para o infectologista Alberto Chebabo, integrante do comitê científico da prefeitura, alinha adotada por Castro está correta.

—A decisão do comitê científico da prefeitura não mudou,éa mesma há muito tempo: somosfa vorá veisà realização da queima de fogos na praia, inclusive com festa. A gente considera que é muito melhor um evento a céu aberto do que festas em ambientes fechados —disse o vice-presidente na Sociedade Brasileira de Infectologia.

EMPRESAS ESCOLHIDAS

Em meio às reviravoltas, o processo de escolha das empresas para fazer as queimas de fogos continua. Segundo a Riotur, o pregão eletrônico para o espetáculo de Copacabana já tem uma vencedora, mas o resultado ainda não foi publicado em Diário Oficial. A fase de recursos deve ser concluída nos próximos dias. Segundo o gabinete da vereadora Teresa Bergher, o valor do contrato será de R$ 3,9 milhões. Em 2019, foi de R$ 2,6 milhões.

A empresa responsável pelos fogos no Flamengo será a Inside FX Efeitos Especiais, a um custo de R$ 413,1 mil, enquanto o transporte e a locação das três balsas previstas ficarão a cargo da Equipemorim Serviços Marítimos Ltda, por R$ 440 mil. Uma das sócias da Inside FX, Valéria Duncan explica que as mudanças dos últimos dias adiaram a assinatura do contrato. Segundo ela, são necessários, para o Flamengo, ao menos 15 dias para todo o preparo das bombas.

Além dos fogos, havia também as empresas vencedoras para a realização das festas nas areiasdeCopacabanaenosdemais dez palcos da cidade. O prazo para que elas apresentassem os patrocinadores havia sido prorrogado.

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