Copa do Brasil: Fla perde; Athletico e Atlético-MG farão final

Fla cai na Copa do Brasil e vê pressão aumentar

Diante de quase 30 mil pessoas, maior público do Maracanã desde o retorno da torcida, o Flamengo reencontrou a massa rubronegra e também as vaias, especialmente para o técnico Renato Gaúcho. Com um futebol muito aquém do esperado para a qualidade técnica do time e longe do brilhantismo de tempos recentes, a equipe parou na estratégia defensiva do Athletico, não soube segurar o contra-ataque adversário e deu adeus à primeira das três possibilidades de título nesta temporada, com a derrota por 3 a 0, ontem, na semifinal da Copa do Brasil.

Além da eliminação, o time chegou ao quarto jogo sem triunfo, pior sequência desde novembro de 2020. O Furacão encara o AtléticoMG na final em dezembro.

— Entendemos a revolta da torcida. Temos que saber perder e ganhar. Não fomos felizes, perdemos por 3 a 0 e é decepcionante. Esse time sabe se levantar. É ter calma, temos Brasileiro e a final da Libertadores — disse Gabigol, econômico ao falar da permanência ou não de Renato Gaúcho. —Isso é com a diretoria, nós só pensamos em jogar. Esse grupo é dedicado, não é uma derrota que vamos jogar tudo por alto.

Ao rubro-negro ainda restam poucas chances de conquista do Brasileiro — menos de 5% —e a aposta principal de Renato é a final da Libertadores contra o Palmeiras, em Montevidéu. Até lá, o treinador terá de recuperar jogadores, como o uruguaio Arrascaeta, e o brilho do time, que não consegue fazer uma sequência de boas atuações e de repetições de times — como sempre salienta Renato. Mas também será necessário um esquema de jogo firme, que não seja apenas colocar mais homens de frente e bola lançada na área.

Será fundamental voltar a aliar a posse de bola à pressão ofensiva a qual a torcida se acostumou com Bruno Henrique e Gabigol, que voltaram a jogar juntos depois de um mês — Algo que faltou no primeiro tempo, principalmente, assim como a cabeça no lugar nos momentos adversos.

TIME DESFIGURADO

Sem o futebol e a técnica fluindo como esperado, a ansiedade se sobrepôs. A torcida tentava empurrar, mas o gol tomado logo aos 8 minutos só colocou pressão nos donos da casa. Num lance sem discussão, mas que levou alguns minutos para ser marcado com auxílio do VAR, Filipe Luis derrubou Kayser na área. Nikão cobrou no canto de Diego Alves, que não chegou a tempo.

A defesa bem postada do Athletico conseguiu interromper todas as linhas ofensivas do rubro-negro carioca. Se a estratégia dos paranaenses comandados por Alberto Valentim dava certo, a do Flamengo se mostrava infrutífera justamente por não respeitar o que o time tem de melhor. Num primeiro tempo concentrado no meio, em mais uma noite ruim de Diego, a equipe parecia perdida sem usar velocidade pelas pontas.

Uma ou outra chance que sequer animava a torcida, que àquela altura já estava apreensiva. Mal teve tempo de comemorar pênalti marcado em Bruno Henrique, logo desmarcado após auxílio do VAR. Os torcedores não imaginavam que o nervosismo aumentaria ainda no primeiro tempo, que teve 10 minutos de acréscimo por tanta paralisação.

O time desarrumado no ataque era o mesmo da defesa. Em jogada que começou num erro de Arão no ataque, o Athletico nem precisou de tanta precisão para chegar à frente de Diego Alves, que viu a bola de Nikão passar por baixo do seu corpo.

Renato Gaúcho lançou mão de sua peça favorita: Michael. No lugar de Diego, de fato, ele alterou a dinâmica do jogo. Mais aberto, o Fla fez o que se esperava: sufocou o adversário. Mas o goleiro Santos impediu o gol duas vezes no início da etapa final. Ali, pode-se dizer que a derrota estava configurada. Michael ainda teve a chance de um golaço, mas a bola ficou no travessão.

Mas era só isso que o Flamengo, que terminou o jogo totalmente desfigurado taticamente, tinha a oferecer: jogadas individuais. O Athletico ampliou no fim com Zé Ivaldo. Num esporte coletivo, depender tanto do brilho individual é pouco para ser campeão.