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Categorias aderem à greve geral contra golpe no Sudão

Médicos, petroleiros e pilotos se unem à paralisação; Banco Mundial cessa desembolsos e União Africana suspende Cartum do bloco

CARTUM

No terceiro dia seguido de protestos contra o golpe militar que depôs o primeiro-ministro e outros integrantes civis do governo de transição do Sudão, médicos, petroleiros e pilotos da Sudan Airways e de outras companhias aéreas locais anunciaram ontem que estavam se juntando à greve geral convocada por organizações civis para apoiar as manifestações.

Lojas, bancos e escolas já haviam aderido à greve na terça-feira, após o golpe que interrompeu um incipiente processo de transição democrática iniciado em 2019 após a queda do ditador Omar al-Bashir, que ficou 30 anos no poder.

Milhares de pessoas têm ocupado as ruas do país em manifestações contrárias ao militares, que retiraram o premier Abdallah Hamdok do cargo. O primeiroministro chegou a ser levado para a casa do chefe das Forças Armadas e líder do golpe, Abdel Fattah al-Burhan, mas retornou para casa depois. Ele foi visitado ontem por diplomatas de França, Alemanha, Noruega, Reino Unido, Estados Unidos, União Europeia e ONU, que informaram que o premier se encontra em bom estado de saúde.

A intervenção militar ocorreu às vésperas da data prevista para que Burhan transferisse o comando do Conselho Soberano de Transição para Hamdok, em 17 de novembro, segundo o acordo feito entre civis e militares em 2019, a fim de preparar a realização de eleições, originalmente previstas para 2022. Seria a primeira vez em mais de 30 anos que o país estaria sob o controle nominal de um civil.

CRISE ECONÔMICA

O golpe pode aprofundar a grave crise econômica de um dos países mais pobres da África, afetada também pela pandemia, que vinha começando a ver algumas mudanças positivas com o governo de transição até a tomada do poder pelos militares. Em julho, a inflação ficou em mais de 400%.

Ontem, os Estados Unidos a anunciarem o congelamento de US$ 700 milhões em ajuda ao Sudão. A União Africana suspendeu a participação do paí snob loco até a formação de um governo civil. O Banco Mundial também anunciou a suspensão dos repasses ao país de um financiamento de US$ 2 bilhões acertado em março. O Fundo Monetário Internacional

(FMI) disse que está monitorando os eventos, mas que ainda é “prematuro” falar em medidas.

— Estou muito preocupado com os recentes acontecimentos no Sudão e temo o impacto dramático que isso possa ter na recuperação e no desenvolvimento social e econômico do país — disse o presidente do Banco Mundial, David Malpass, que recentemente visitou Cartum para se encontrar com as autoridades do país.

Desde segunda, com exceção de um curto período na terça-feira, a internet está cortada no país. Na terça, os voos de e para o Aeroporto Internacional de Cartum haviam sido suspensos até sábado, mas o diretor da Aviação Civil, Ibrahim Adlane, afirmou ontem que as operações seriam retomadas. Segundo uma fonte ouvida pela Reuters, porém, Adlane foi demitido do cargo.

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2021-10-28T07:00:00.0000000Z

2021-10-28T07:00:00.0000000Z

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