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Desemprego e renda média caem com informalidade

Mercado de trabalho reagiu no trimestre encerrado em agosto, com mais 3,5 milhões de ocupados, a maioria na informalidade. Com inflação, salário recuou 10,2%, a maior queda desde 2012, início da série do IBGE

CAROLINA NALIN carolina.nalin@infoglobo.com.br Colaborou Matheus Ruas, estagiário sob supervisão de Danielle Nogueira

A taxa chegou a 13,2% de junho a agosto ante 14,6% no trimestre anterior, com a criação de 3,5 milhões postos de trabalho, a maioria na informalidade. Apesar do aumento no emprego, houve em paralelo uma forte queda na renda.

Ataxa de desemprego caiu para 13,2% no trimestre encerrado em agosto, em relação aos 14,6% registrados em maio, que serve de base de comparação, com mais 3,5 milhões de trabalhadores ocupados, a maioria na informalidade. A melhora do emprego veio com o avanço da vacinação e a reabertura da economia. Ainda assim, há 13,7 milhões de pessoas em busca de uma vaga, segundo informou o IBGE ontem.

O aumento do emprego veio acompanhado de forte queda da renda. O ganho médio do trabalhador brasileiro recuou 10,2% em relação a agosto do ano passado, quando o país vivia os efeitos econômicos mais fortes da pandemia. É a maior queda da série histórica do IBGE, iniciada em 2012.

O recuo na renda reflete a inflação que já superou 10% e a entrada no mercado de trabalhadores informais que ganham menos: 70% das ocupações que surgiram foram na informalidade.

— Parte significativa da recuperação da ocupação deve-se ao avanço da informalidade. Em um ano, a população ocupada total expandiu em 8,5 milhões de pessoas, sendo que desse contingente 6 milhões eram trabalhadores informais — explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

O trabalho por conta própria, como em bicos ou pequenos serviços, subiu 18% em relação há um ano e chegou ao recorde de 25,4 milhões de trabalhadores.

A renda média caiu para R$ 2.489, contra R$ 2.771 de agosto do ano passado. A queda foi tão forte que nem o aumento de 8,5 milhões no número de ocupados foi suficiente para fazer a massa salarial, que é a soma dos rendimentos dos trabalhadores, subir. Pelo contrário, ela ficou 0,7% menor, em termos reais, do que há um ano, somando R$ 219 bilhões.

— Os rendimentos estão deprimidos de tal forma que, a despeito de haver mais pessoas trabalhando, a massa de rendimento não consegue aumentar — afirma Adriana.

Em relação a maio, também houve queda na renda do trabalhador, de 4,3%.

REABERTURA DA ECONOMIA

Maria Andréia Parente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que o aumento da informalidade tem a ver com a reabertura da economia que permitiu a volta ao trabalho e a inserção daqueles que perderam os empregos com carteira assinada e tiveram que sobreviver na informalidade.

— É provável que mesmo aqueles que estejam recebendo o auxílio emergencial continuem indo para o mercado —diz Maria Andréia.

A taxa de desemprego também recuou em relação à registrada no trimestre encerrado em julho, de 13,7%, quando havia 14,1 milhões na fila do emprego.

Rita Aparecida, moradora de Berlford Roxo e mãe de três filhos, faz parte dessa estatística. Sem emprego formal desde 2015, ela vem fazendo bicos, trabalhando como artesã e trancista:

—Nunca desisti de procurar um emprego formal, masa pandemia foi a tragédia da minha vida. O que eu ganho hoje em dia não tem dado para me manter. Antes da pandemia eu ganhava em média R$ 1.500, hoje em dia eu ganho em média R$ 800.

MELHORIA EM RISCO

Diante da perspectiva de baixo crescimento no ano que vem (as projeções estão ficando abaixo de 1%), Maria Andréia avalia que uma melhora mais consistente do mercado de trabalho pode ser interrompida:

— Não tem mágica para o mercado de trabalho. A melhora só vem com perspectiva decrescimento, principalmenteo emprego demais qualidade que agente quer que cresça cada vez mais, que é esse com carteira ou mesmo um conta própria com CNPJ. Esses empregos de mais qualidade só vêm diante de perspectiva de crescimento sustentável de longo prazo.

Essat ambé mé a avaliação de Rodolfo Margato, economista da XP. "A desaceleração (acentuada) da atividade econômica esperada para o decorrer de 2022 impedirá um recuo mais expressivo da taxa de desemprego", escreveu Margato em relatório, que projeta que a taxa de desemprego encerrará o anoa 12,6%, recuando para 12,2% no final de 2022.

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2021-10-28T07:00:00.0000000Z

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