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A odisseia de Zé Trovão

Caminhoneiro saiu do México e passou por Peru e Paraguai antes de entrar no Brasil por via terrestre dois dias depois

PAULA FERREIRA E AGUIRRE TALENTO politica@oglobo.com.br BRASÍLIA

O líder caminhoneiro pegou avião, ônibus e até mototáxi para retornar ao Brasil sem ser preso na fronteira.

Obolsonarista e líder caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, fez uma longa jornada com viagens de avião, ônibus e mototáxi, desde o México até a fronteira do Brasil com o Paraguai, para conseguir entrar no país sem ser preso pela Polícia Federal (PF).

Ele chegou a Joinville (SC), onde mora com a família, no domingo, depois de um longo percurso, que começou na sexta-feira. Ele descansou no dia seguinte e, na terça-feira, se apresentou aos agentes da PF —só então, enfim, a ordem de prisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 1º de setembro, foi cumprida.

Ele teve a prisão determinada a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), sob acusação de incentivar atos antidemocráticos no 7 de setembro. A detenção, no entanto, não chegou a ser realizada porque ele já havia fugido antes para o México, onde ficou quase dois meses foragido.

TÁTICA PARA NÃO SER VISTO

De acordo com investigadores que acompanharam o paradeiro de Zé Trovão, ele deixou o México de avião na tarde da última sexta-feira, rumo a Lima, capital do Peru, onde desembarcou às 22h15m. De lá, fez uma conexão no sábado de manhã para Santiago, no Chile, e pegou outro avião até Assunção, a capital paraguaia, para desembarcar às 17h20m de sábado.

Apesar de existir um mandado de prisão expedido contra ele, a Interpol ainda não havia incluído o nome de Zé Trovão na lista de pessoas internacionalmente procuradas. Por isso, ele conseguiu embarcar e desembarcar normalmente nesses países.

A próxima etapa, para entrar no Brasil, tinha que ser feita por terra, para que ele não fosse interceptado pela Polícia Federal na fronteira. O GLOBO apurou que Zé Trovão saiu de ônibus de Assunção para percorrer cerca de 320 quilômetros até Ciudad del Este, cidade paraguaia na fronteira com o Brasil. De lá, ele seguiu de mototáxi para Foz do Iguaçu — o uso do capacete foi um dos atrativos para cumprir essa parte do trajeto, para que ele não fosse reconhecido pelas autoridades.

Já dentro do Brasil, Zé Trovão pegou um carro até Joinville — uma distância de 765 quilômetros. Chegou na cidade catarinense no domingo e ficou lá com sua família até a manhã de terça-feira, quando se entregou. Seu retorno foi planejado em acordo com seus advogados, que o convenceram a se apresentar para que, então, a defesa pudesse solicitar ao ministro Alexandre de Moraes a substituição da prisão por outras medidas cautelares, o que foi feito ontem.

POPULARIDADE NAS REDES

O caminhoneiro era dono do canal no YouTube “Zé Trovão, a voz das estradas”, que, antes de ser retirado do ar, tinha mais de 40 mil inscritos. Em seus vídeos e postagens, chamava a população para ir a Brasília e exigia a “exoneração dos onze ministros do STF”. Em outras publicações, fez ataques à CPI da Covid, além de ter participado de motociatas em favor do presidente Jair Bolsonaro.

Primeira Página

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2021-10-28T07:00:00.0000000Z

2021-10-28T07:00:00.0000000Z

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