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Prévias: PSDB retira 92 filiados de lista de eleitores

Decisão tomada pelo presidente do partido, Bruno Araújo, é temporária e precisa ser confirmada por cúpula da sigla. Comissão vai analisar data em que cada um dos prefeitos e vices se juntaram à legenda em São Paulo

GUSTAVO SCHMITT gustavos@sp.oglobo.com.br SÃO PAULO

Em meio ao acirramento da disputa entre os candidatos das prévias do PSDB, com denúncias apresentadas pelos diferentes lados envolvidos, o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, determinou ontem a retirada provisória dos nomes de 92 prefeitos e vice-prefeitos do estado de São Paulo da lista de aptos a participar da votação interna, marcada para 21 de novembro. Eles se filiaram à legenda neste ano, mas aliados do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, argumentam que o ingresso na sigla ocorreu após 31 de maio, data-limite para participar das prévias.

Na decisão divulgada ontem, Araújo pede que a comissão das prévias analise as filiações caso a caso. “A comissão não irá questionar a filiação dos mandatários, mas se estão ou não habilitados a votar”, informou o partido por nota. A decisão do presidente do PSDB ainda precisa ser validada pela cúpula da legenda, que deve discutir o assunto numa reunião marcada para hoje.

As filiações foram colocadas em dúvida, semana passada, por diretórios de quatro estados alinhados a Leite na disputa interna. O grupo alega que as entradas ocorreram em julho, embora o registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revele datas anteriores. O diretório paulista do PSDB, responsável pelas filiações, alega que tudo foi feito dentro dopraz o eque, em julho, houve apenas um evento público. A seção paulista do partido lembra ainda que esteve fechada em dois momentos no primeiro semestre: a segunda onda da Covid-19 e o luto pela morte do prefeito de São Paulo Bruno Covas.

ATOS EM JULHO

Em sua decisão de ontem, Araújo lembrou que ele mesmo esteve presente ao evento de filiação em julho. “Participei de atos realizados no estado de São Paulo destinados a promoção de novas filiações depois da data-limite de 31 de maio. Isso é fato incontroverso”, escreveu o dirigente. Ele ressaltou, porém, que esses eventos “são destinados a valorizar” as filiações, que podem ser oficializadas ao TSE em outras datas. Ele ainda parabenizou o esforço do diretório em atrair novos tucanos.

Em viagem a Dubai, onde participa da Expo2020, Doria, que até então não havia comentado o caso, acusou Leite de estar “chorando e reclamando” das filiações irregulares de 92 políticos em São Paulo. Em todo o país, o PSDB tem 946 prefeitos e vices. Eles formam um dos quatro grupos do colégio eleitoral que vai escolher o candidato tucano à Presidência da República e têm, portanto, peso de 25%.

Em coletiva à imprensa ontem, o presidente do diretório de São Paulo, Marco Vinholi, voltou a dizer que as filiações foram feitas antes de 31 de maio.

— Em 2020, nós fizemos 82 filiações de mandatários do PSDB. Em 2021, 108 filiações. Portanto, algo que é comum no partido em São Paulo. Um partido que cresce a cada ano, que se consolidou aqui em São Paulo, e que tem essas filiações como algo corriqueiro.

Na segunda-feira, em entrevista à revista Veja, Leite disse que se a direção do partido permitir que os recémfiliados votem, pode levar a questão à Justiça.

Um dos casos suspeitos é o de Cido Sobral, prefeito de Marabá Paulista, que, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, disse ter se filiado em 21 de outubro, além de ter encontrado em suas redes sociais uma publicação de 10 de agosto em que afirma ter deixado o PSOL. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, a data de filiação de Sobral é 12 de março, o que permitiria que votasse nas prévias, já que o prazo é 31 de maio.

Outro caso é o do prefeito do Guarujá, Valter Suman, que deixou o PSB para entrar nos quadros do PSDB com pompa e apoio da cúpula do partido, mas acabou preso por acusação de corrupção semanas depois. A data de filiação de Suman é de 14 de maio. No entanto, há fotos e vídeos do mandatário assinando a ficha do PSDB em evento em 20 de julho ao lado do vice-governador Rodrigo Garcia e do presidente estadual, Marco Vinholi. Jornais locais do Guarujá também noticiaram a filiação de Suman em 21 de julho.

MENSAGENS HACKEADAS

A troca de acusações nas prévias do PSDB rendeu mais um capítulo ontem. A equipe que trabalha na campanha do governador de São Paulo, João Doria, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil pedindo uma investigação sobre suposta invasão de conversas no grupo de WhatsApp de integrantes da campanha.

Registrado pelo coordenador da campanha de Doria, Wilson Pedroso, o documento relata que a equipe recebeu, de alguém que não faz parte do grupo, trechos de conversas tidas ali.

“Embora o teor das conversas divulgadas ilegalmente nada tenham de comprometedor, lamentase que, no ambiente, online episódios como esses sejam recorrentes e devem ser combatidos em sua origem”, afirmou a coordenação das prévias de Doria, por nota.

O grupo de WhatsApp é formado por 16 pessoas para debater estratégias e planejar ações das prévias. Em nota, Pedroso lamentou que “as prévias tenham chegado a um clima tão belicoso" e disse ter compromisso com “eleições limpas, democráticas e que se ganhe no voto”.

Política

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2021-10-28T07:00:00.0000000Z

2021-10-28T07:00:00.0000000Z

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