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Augusto Aras precisa levar adiante ações exigidas por CPI da Covid

Conclusões do relatório da comissão são graves demais para que crimes fiquem impunes

Não seria exagero dizer que o trabalho mais difícil da CPI da Covid começou na terça-feira, coma aprovação do relatório do senador Renan Calheiros que pede o indiciamentode 80 investigados, entre e leso presidente da República, Jair Bolsonaro —por nove crimes —, ministros, exministros, empresários e servidores. Ao longo de seis meses, com erros e acertos, a comissão teve o mérito de mostrar aos brasileiros que a desastrosa gestão da maior crise sanitária da história do país não aconteceu por acaso. Resultou de ações equivocadas, omissões, negligência, despreparo e doses maciças de insensibilidade.

Terminada a CPI, que para alívio dos brasileiros não acabou em pizza, a pergunta afaze ré: oque acontecerá agora? Repousa aí o problema. As conclusões se destinam ao procurador geralda República, Augusto Aras( no caso de autoridades com prerrogativa de foro, como Bolsonaro), ao Congresso Nacional (a que cabe analisar os crimes de responsabilidade atribuídos ao presidente), aos Ministérios Públicos federal e estaduais (que apreciarão acusações a indiciados sem foro) e ao Tribunal Penal Internacional (para os acusados de crimes contra a humanidade).

Aras está numa sinuca. Seu alinhamento com o Planalto é conhecido. Tanto quanto a falta de disposição para levar adiante qualquer investigação queposs amelindrar o clã Bolson aro ou o governo. Imagine-se o desconforto como problema lançado em suas mãos pela comissão. Ele afirmou que poderá “avançar” nas investigações, mas deverá primeiro tentar ganhar tempo, submetendo o relatório a uma análise prévia de um órgão da PGR.

No decorrer da própria CPI, a ministra Rosa Weber, do STF, precisou lembrar à PGR que não lhe cabia o papel de espectador, cobrando que se manifestasse sobre pedido dos senadores para investigar Bolsonaro por prevaricação no escândalo da Covaxin. Nesta semana, a ministra Cármen Lúcia deu 15 dias à PGR para informar as medidas adotadas em relação às ameaças golpistas de Bolsonaro no Sete de Setembro.

As investigações sobre crimes de responsabilidade também têm chances remotas de prosperar no Congresso, onde o Centrão, bem tratado pelo governo com cargos e verbas do orçamento secreto, deverá pôr em prática uma de suas maiores especialidades: blindar o presidente.

A trágica gestão da pandemia, que pôs o Brasil em segundo lugar no ranking mundial de mortes,égr ave demais para ser esquecida. A sociedade precisa pressionar os responsáveis para que as ações prossigam. Ainda que o relatório aprovado possa te rumou outro exagero, os senadores cumpriram sua missão a obus carrespost aspara osd escalabrosdurante a pandemia mais letal em cem anos. Identificaram crimes e apontaram culpados. Espera-se que esse trabalho tenha consequência. A punição é importante não só para fazer justiça às vítimas e às famílias enlutadas, mas para que sirva de exemplo. Gestores que flertam coma morte e conspiram contra a saúde pública não podem ficar impunes.

Opinião Do Globo

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2021-10-28T07:00:00.0000000Z

2021-10-28T07:00:00.0000000Z

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