Mãe relatou toda a gravidez virtualmente para o pai
Com a distância entre as casas e receio do vírus, a solução foi ficar longe
Apesar de sempre ter sonhado em ser mãe, a gravidez precoce aos 17 anos não estava nos planos de Paloma Guedes, que ainda terminava o 3º ano do ensino médio e morava com os pais quando descobriu a vinda de Maitê, filha dela com Daniel Pereira, de 24. Como se já não bastasse o baque da vida materna não planejada, a distância entre a casa de Paloma, que morava na Glória, e a de Daniel, em Copacabana, atrapalhou ainda mais o acompanhamento do pai durante a gestação, que foi descoberta em janeiro de 2020, às vésperas do isolamento social e do coronavírus. E era uma gravidez de risco, pois Paloma tem problemas de pressão. Havia o receio de ser infectada e atrapalhar o desenvolvimento do bebê. Tanto que o pai a proibiu de se encontrar com Daniel. Com isso, os dois ficaram afastados até o nono mês de gestação. Maitê nasceu em julho.
— Ficamos sem nos ver pessoalmente esse tempo todo. Só mantínhamos contato integral graças ao aplicativo de conversa, mas nunca nos víamos. Todos os exames, o acompanhamento pelo médico, o crescimento da barriga foram passados por foto ou vídeo. Foi um período bem complicado para nós, e ainda mais para ele, que não conseguia viver e nem ver nada de perto — conta.
Houve outros contratempos. O chá de bebê estava planejado para abril de 2020, mas precisou ser cancelado por causa da pandemia. Sem poder trabalhar e sem a possibilidade de preparar a festa para o enxoval de Maitê, a solução foi fazer um chá virtual. Paloma conta que, sem ver os amigos e familiares de Minas Gerais pessoalmente, receber os presentes acompanhados de cartinhas comemorando a vinda da bebê serviu de alento para o período.
—Foi o que ajudou a aproximar os outros de mim na gravidez, já que estava sem ver ninguém. Sempre fui uma pessoa muito positiva durante todo o período, mesmo com as dificuldades, mas sentir o carinho de longe com a ajuda deles e receber os recados virtualmente fizeram toda a diferença —lembra.
Hoje, ela ainda tem receio de trabalhar, já que atua fazendo bicos em festas e, com Maitê, não se sente segura em voltar para a rotina. Em meio a tantas incertezas, Paloma afirma que não tem sido fácil passar por esse momento, mas que crê no melhor, sempre.
—Agora, só quem trabalha é o meu marido. Não temos outra alternativa a não ser nos cuidarmos e esperarmos que tudo passe o mais brevemente possível. Prefiro pensar em coisas boas a sofrer por mais tempo por causa do vírus —reflete.
Atualmente, dentro dos possível, o casal — que mora na casa dos pais de Daniel, em Copacabana — já recebe visitas de pessoas próximas, mas ainda sente medo da exposição.
— A gente quer que isso passe para poder viver normalmente com a Maitê — diz a mamãe.
Capa / Maternidade
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2021-05-08T07:00:00.0000000Z
2021-05-08T07:00:00.0000000Z
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