Infoglobo

Frias diz que governo não vai ‘bancar marmanjo’

Em live sobre ‘arte cristã’, secretário da Cultura acusa produtores de quererem usar ‘lei de incentivo para substituir o mercado’ e ataca medidas de isolamento social adotadas para conter a pandemia de Covid-19, alegando que causam prejuízos ao setor

NELSON GOBBI nelson.gobbi@oglobo.com.br

Ao participar de uma live de “arte cristã” anteontem à noite no canal do YouTube do pastor e produtor Wesley Ros, Mario Frias negou que haja uma paralisia na aprovação de projetos na Lei Rouanet por parte da Secretaria Especial da Cultura, e acusou produtores de quererem usar “a lei de incentivo para substituir o mercado”.

— Durante 20 anos foram liberados mais de R$ 12 bilhões pela Rouanet, por que estes proponentes não desenvolveram um mercado autônomo em todo este tempo? O governo federal não tem obrigação de bancar marmanjo —disse Frias, irritado com críticas postadas no chat da live. A transmissão desta quinta foi uma segunda tentativa de promover um encontro para responder a dúvidas de artistas e produtores evangélicos e católicos sobre o uso da leis de incentivo para financiar projetos relacionados ao universo religioso — na noite de terça, a live original foi prejudicada por problemas técnicos. Ambas as lives foram apresentadas por Ros e pelo produtor de eventos cristãos Doninha e contaram com a participação do secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, o ex-policial militar André Porciúncula, da área responsável pela análise e aprovação dos projetos inscritos na Rouanet. Frias só participou desta última. Na maior parte do tempo, Frias e Porciúncula repetiram que a Secretaria não tem uma avaliação subjetiva dos projetos, e que a produção cristã seria vista pela pasta como uma forma de arte como qualquer outra. Outra tese levantada pelos participantes foi a da “cristofobia”, que seria um preconceito contra os cristãos, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Além das questões enviadas por chat, os secretários responderam a perguntas gravadas em vídeo pelos convidados, em sua maioria nomes da música gospel, a exemplo do duo Casa Worship e do cantor Cid Guerreiro, ex-astro da axé music convertido há 16 anos. A queixa recorrente entre os convidados era que alguns até tiveram projetos aprovados na Rouanet, mas depois não conseguiram captar junto às empresas. Na maioria dos casos, os produtores alegaram preconceito dos patrocinadores contra projetos que envolvam questões religiosas no seu escopo.

— Parte dessa aversão vem de um direcionamento político-ideológico que tomou conta dos departamentos de marketing das empresas — argumentou Porciúncula, citando “cristofobia”. —É preciso que haja uma organização da sociedade, para cobrar das empresas.

Pelo chat, os secretários também foram cobrados pela demora na renovação dos integrantes da CNIC — a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, colegiado da sociedade civil responsável pela análise dos projetos da Rouanet. A dupla firmou que a comissão não será dissolvida e que sua renovação depende de processos burocráticos. Frias ainda usou o espaço para atacar medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos para o combate à Covid-19, dizendo que elas prejudicam a economia da cultura, e defendeu a atuação do presidente da República na pandemia.

Segundo Caderno

pt-br

2021-05-08T07:00:00.0000000Z

2021-05-08T07:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/282505776473123

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.