Infoglobo

Macron diz que distribuir doses é mais importante

Macron critica EUA e Reino Unido por não exportarem vacinas e insumos

Presidente francês, que disse apoiar suspensão de patentes de vacinas contra a Covid, afirmou ontem que mais importante é “a solidariedade na distribuição de doses”. Emmanuel Macron criticou os EUA e o Reino Unido por proibirem exportação de imunizante e insumos para sua fabricação.

Um dia depois de afirmar que apoia a suspensão de patentes de vacinas contra a Covid-19, seguindo a mudança de posição do governo americano, o presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a jogar a bola no campo dos Estados Unidos ao afirmar que, mais importante do que quebrar patentes, é “a solidariedade na distribuição de doses”. Ao chegar ontem para uma cúpula da União Europeia (UE) no Porto, em Portugal, Macron criticou os EUA e o Reino Unido por proibirem, desde o ano passado, a exportação de imunizantes e de insumos para sua fabricação. Nos últimos meses, a UE, que não estabeleceu tal proibição, exportou mais de 200 milhões de doses para o resto do mundo, enquanto a China é a campeã de exportações.

— Qual é a questão atual? Não se trata realmente de propriedade intelectual.

Você pode dar propriedade intelectual a laboratórios que não sabem produzir e eles produzirão amanhã? — questionou a jornalistas. — A principal questão da solidariedade é a distribuição das doses. Hoje, os anglo-saxões bloqueiam muitos destes ingredientes e vacinas. Atualmente 100% das vacinas produzidas nos Estados Unidos são para o mercado americano.

UE TAMBÉM FAZ COBRANÇA

Macron lembrou ainda que os europeus defendem há um ano “que a vacina seja considerada um bem público”. — Estou feliz que outros estejam nos seguindo. A posição de Macron foi endossada pela chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Em entrevista coletiva na cúpula, ela disse que as discussões sobre quebra de patente devem ocorrer, mas não produziriam uma única dose de vacina contra a Covid-19 em curto a médio prazo. —E convidamos todos aqueles que estão envolvidos no debate sobre renúncia aos direitos de propriedade intelectual ase unirem a nó ses e comprometerem a exportar uma grande parte do que está sendo produzido em sua região —afirmou ela, ressaltando que apenas a remoção das barreirasàexport ação eocomp artilhamento de vacinas podem ajudara combatera pandemia de imediato.

O tema está sendo discutido neste fim de semana pelos dirigentes da UE na chamada Cúpula Social, que reúne os 27 líderes do bloco até hoje na cidade portuguesa. Os europeus, no entanto, estão divididos. Enquanto a Espanha também anunciou o apoio à suspensão dep atentes—propostafeita originalmente por África do Sule Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC) — a Alemanha já se posicionou contra. “A propriedade intelectual não podes e rum obstáculo para acabar coma Covid-19 egarant iro acessoe quita tivo e universal às vacinas”, disse o governo espanhol em um documento divulgado na noite de quinta-feira. Segundo o texto, o consenso deve ser“encontrado com urgência sobre a proposta de uma suspensão temporária das patentes”. O governo americano vem sendo criticado por terre corridoàLe ide Produção de Defesa, a indano governo de DonaldTrump,p ara impedira exportação de imunizantes produzidos no seu território. Há duas semanas, o governo Biden anunciou que permitirá a distribuição no exterior de 60 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, ainda sem o aval para ser aplicada nos EUA, mas não deu prazo nem indicou que países as receberão. Em contraste, a China lidera a exportação de vacinas, com 240 milhões de doses enviadas ao exterior até o final de março, de acordo coma agência Bloomberg. Além disso, fabricantes chinesas fizeram acordos para envio de insumos para produção no exterior, como é ocaso d aC oro naVac, do Instituto Butantan. No total, mais de 70 países receberam vacinas chinesas ou fizeram contratos para sua fabricação, e a tendência é que o número aumente depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) avalizou, ontem, a vacina da estatal Sinopharm.A da empresa privada Sinovacd eve receber o mesmo aval na próxima semana.

NOVAS PROPOSTAS

A Índia, importante fabricante de imunizantes, havia exportado 67 milhões de doses até se tornar o novo epicentro da pandemia, o que levou o país a paralisar as remessas ao exterior, no mês passado. Já o consórcio Covax, criado pela OMS para uma distribuição mais igualitária de doses, entregou só 50 milhões, por causa do atraso dos fabricantes. O projeto original da suspensão de patentes, apoiado por 60 países na OMC, pela OMS e mais de 360 organizações da sociedade civil, previa a suspensão temporária das regras do Acordo Trips (Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio, na sigla em inglês) relacionadas a patentes, desenhos industriais, copyright e segredos industriais de vacinas e medicamentos para a Covid-19 até o fim da pandemia. Para ser aprovado, ele precisa do apoio dos 164 membros da OMC. Após 10 reuniões em sete meses, sem maiores avanços, indianos e sul-africanos anunciaram na quarta-feira que apresentarão na semana que vem uma proposta revisada, com ajustes. Os detalhes da proposta americana, que deverá ser apresentada nos próximos dias.

Primeira Página

pt-br

2021-05-08T07:00:00.0000000Z

2021-05-08T07:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/282239488500771

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.