Sororidade como tese de investimento

Se você é um investidor em start-ups ou comanda uma, a chance de você ser do sexo masculino é de 90%. Para tentar furar essa bolha, um grupo de mulheres investidoras acaba de formar a comunidade Sororitê. O grupo já conta com 25 investidoras e se reúne para trocar experiências, mentorias e ouvir apresentações de start-ups lideradas por mulheres que estejam construindo soluções para outras mulheres com olhar de igualdade de gênero. O grupo é liderado por Flavia Mello, uma ex-publicitária que acumulou patrimônio com as ações recebidas em sua passagem como executiva do Facebook e da Uber no início das operações dessas big techs no Brasil. Hoje morando em Barcelona, onde dá aulas em uma escola de formação em tecnologia para mulheres, Flavia “aprendeu a ser anjo” quando foi convidada para investir na Safespace, uma plataforma para combater assédio nas empresas criada por Rafaela Frankenthal.

— Gostei da experiência e comecei a buscar outras empreendedoras com as quais eu me conectava — diz Flavia, que despertou para a sororidade quando ainda era executiva da Uber e passou um ano apresentando um podcast chamado Família Feminista, com Viviane Duarte, CEO do Plano Feminino. —É evidente a urgência de conectarmos mulheres com dinheiro a mulheres empreendedoras. Embora a pauta seja engajada, o investimento passa longe da caridade. —Sou focada em retorno. E pesquisas mostram que start-ups lideradas por mulheres geram mais retorno. É um lugar de oportunidade negligenciado. A pauta feminista pautou os últimos dois BBBs. Quem não está olhando para isso, está atrasado — afirma. O último pitch apresentado foi de uma start-up chamada Feel, que desenvolveu um lubrificante para mulheres na menopausa. —A Feel é uma empresa que não está dando conta da demanda e precisa captar para conseguir escalar a produção — conta Flavia. —O encontro foi uma delícia, falamos de sexo, de vulva.