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‘Quero pegá-lo no colo de novo’, diz vizinho que socorreu bebê em SC

Ailton Biazebetti levou ao hospital menino de 1 ano e 8 meses que teve o pulmão perfurado em ataque a creche de Saudades. Garoto ainda não tem previsão de alta

GUILHERME CAETANO guilherme.caetano@sp.oglobo.com.br

Oaposentado Ailton Biazebetti, de 64 anos, não precisa ir muito longe para reviver as cenas de terror pelas quais passou na última terçafeira em Saudades, no interior de Santa Catarina. Da varanda sua casa, ele pode avistar, a 20 metros de distância, o Centro de Educação Infantil Aquarela, onde três crianças e duas professoras foram mortas por um jovem de 18 anos que invadiu a creche com uma faca e uma adaga. Não fosse aajud ade Ail tone de outros vizinhos, a tragédia poderia ter sido maior. Antes da chegada da polícia e dos bombeiros, Ailton e outros moradores já tinham entrado no colégio para resgatar crianças e imobilizar Fabiano Kipper Mai, que tentou se matar. As crianças que foram levadas pelos vizinhos para o hospital foram atendidas por outra moradora do entorno da creche, Elaine Nielderle. Dos bebês atingidos pelo agressor, o único sobrevivente foi um menino de 1 ano e 8 meses, que agora se recupera no Hospital da Criança, na cidade vizinha de Chapecó. Ailton, que pegou o garoto no colo para transportá-lo de carro ao prontosocorro e pôde sentir sua respiração falha por conta da perfuração no pulmão, se emociona ao lembrar do estado de saúde do menino.

BEBÊ INTERNADO

Ao GLOBO, Ailton disse que ainda não falou com os pais de Henrique, mas que pretende se reencontrar com o bebê assim que possível. A criança se encontra em recuperação, com o quadro estável, enquanto recebe atendimento médico no Hospital Regional do Oeste, na cidade vizinha de Chapecó. O garoto não tem previsão de alta, segundo boletim médico divulgado ontem. — A gente fez a nossa parte. Eu quero pegar essa criancinha no colo de novo — disse Ailton.

Além da perfuração no pulmão, o menino teve ferimentos na bochecha, lábios e barriga. Ele está com dreno no pulmão, disse seu pai, Diego Hübler, à TV NSC, filiada da TV Globo em Santa Catarina. — O médico falou que, se nós tivéssemos esperado dez minutos até que os bombeiros chegassem, a criança não iria se salvar — afirmou o vizinho Ailton. Passados três dias do atentado, os vizinhos da creche desviam o olhar para o horizonte quando são perguntados sobre o crime e dizem não entender o que houve. Alguns dizem preferir não opinar, por conhecerem a família de Fabiano, a quem classificam como de “boa reputação” em Saudades.

AULAS ADIADAS

Ontem, a prefeitura se reuniu com autoridades de Segurança e Educação do estado. O governo municipal reivindicou o apoio de um efetivo maior da Polícia Militar. Também foi definido ontem que as aulas em Saudades ficarão suspensas até

14 de maio. Ainda não há previsão de quando a creche Aquarela vai reabrir. A exemplo do que aconteceu em outras cidades que enfrentaram tragédias do tipo, um grupo de psicólogos deve conversar com funcionários da creche e pais de alunos. Profissionais que atuaram com vítimas após um massacre ocorrido dentro de uma escola em Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo em 2019, também se reuniram com representantes da prefeitura.

O agressor continua internado em um hospital de Chapecó. A polícia espera que ele tenha alta em breve para que possa ser ouvido e dê sua explicação para a motivação do crime. Ao todo, cerca de 15 pessoas prestaram depoimento. Algumas testemunhas relatara à polícia que o assassino teria dito que o objetivo era invadir a Escola de Educação Básica Rodrigues Alves, onde ele estudou até o ano passado. Investigadores começaram a periciar, anteontem, um notebook do assassino para tentar descobrir mais detalhes do caso.

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2021-05-08T07:00:00.0000000Z

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