‘Nenhum chefe de Estado ficou tão contra a vacina’

Em entrevista na estreia do podcast da colunista do GLOBO Malu Gaspar, Renan Calheiros fala da CPI da Covid e do presidente Bolsonaro

Osenador Renan Calheiros (MDB-AL) é um sobrevivente da política. Quase caiu na Operação Lava-Jato, foi derrotado pelo candidato de Jair Bolsonaro na disputa pela presidência do Senado em 2019 e hoje está no posto mais relevante da cena política brasileira, como relator da CPI da Covid. Na entrevista de estreia do podcast “A Malu Tá ON”, da colunista Malu Gaspar, publicado toda sexta-feira no site do GLOBO e nos agregadores de áudio, Renan afirmou que as declarações recentes de Bolsonaro sobre a China são “catastróficas”. Para o senador, não havia como o presidente da República ignorar o que acontecia nas negociações para a compra de vacinas realizadas dentro do governo. — Nós não temos em nenhum outro país um chefe de governo, ou chefe de Estado, que ficou tão contra a vacina como o presidente da República do Brasil — afirmou Renan durante a entrevista para Malu Gaspar.

SEM FALAR EM IMPEACHMENT

O relator da CPI da Covid evitou opinar sobre eventual impeachment: —O impedimento do presidente será, ou não, uma consequência da própria investigação. Não é a CPI que vai pedir —declarou. Perguntado sobre as investigações das quais é alvo no STF, Renan afirmou que elas não tiram credibilidade de seu trabalho à frente da CPI. Ainda sobre esse tema, ele disse que precisa ser e parecer isento como relator. Por isso, evitará conversas com o presidente Bolsonaro e com o ex-presidente Lula, seu aliado. —Depois que passarem os 90 dias (prazo inicial da CPI), aí sim eu converso e dialogo com todos —disse. O parlamentar fez uma análise sobre sua longa permanência no Senado e avaliou a queda de caciques emedebistas que não foram reeleitos em 2018 ou decidiram não disputar uma vaga no Congresso. Renan fez referência à Lava-Jato: —No Nordeste, só três senadores se reelegeram. Eu em Alagoas; Humberto Costa, em Pernambuco e Ciro Nogueira, no Piauí. O restante perdeu. A política foi criminalizada. O podcast A Malu Tá ON vai ao ar ao meio-dia de toda sexta-feira, com a intenção de fazer os entrevistados darem “em on” (nos microfones) declarações que só costumam conceder “em off”, ou seja, sob anonimato.