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Ramagem: Abin deve apurar uso de verbas federais

Integrantes da agência foram orientados a investigar possíveis casos de desvio em repasses a estados e municípios, interesse de Bolsonaro na comissão

Alvo de requerimento de convocação para depor na CPI da Covid, o diretorgeral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, defendeu que a agência levante informações sobre desvios de recursos destinados à pandemia pela União a estados e municípios, tema de interesse do governo federal na comissão do Senado. Ontem, a revista “Crusoé” publicou que integrantes da Agência em diversos estados receberam orientações para apurar possíveis casos de corrupção na esfera local. Desde o início dos trabalhos da CPI, o governo busca que a comissão aumente seu escopo e investigue também possíveis crimes cometidos por governadores e prefeitos. Integrantes da oposição, entretanto, enxergam o movimento como uma tentativa de tirara atuação do governo federal do foco.

Em nota compartilhada por Ramagem em suas redes sociais, a Abin afirmou que é de sua competência o planejamento e a execução de ações relativas à obtenção e análise dedados sobre fatos que influenciam a decisão e possíveis ações do governo federal. “A corrupção e o desvio de recursos públicos são condutas capazes de produzir a erosão das instituições, o empobrecimento da sociedade e o descrédito do Estado. Cabe à Inteligência cooperar, com os órgãos de controle e com os governantes, na prevenção, identificação e combate à corrupção, em suas diversas manifestações, conforme o Decreto nº 8.793/16”, afirmou a agência. Anteontem, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou um requerimento pedindo a convocação de Ramagem para a CPI. O pedido precisa ser aprovado pela comissão. Ramagem é considerado próximo da família Bolsonaro. Ele já foi indicado para chefiar a Polícia Federal, mas sua nomeação foi suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O pedido de Tasso ocorreu após o presidente Jair Bolsonaro insinuar que a pandemia do novo coronavírus faria parte de uma “guerra química”. “Trata-se de gravíssima revelação com implicações nas relações internacionais e de enormes repercussão inclusive na paz mundial. Sendo a Agência Brasileira de Inteligência a fonte primeira de informações ao Presidente da República se faz necessária a convocação do seu Diretor-Geral para que compartilhe, ainda que de forma sigilosa, as informações obtidas com os senhores senadores”, argumenta o tucano em seu requerimento. Segundo a revista “Crusoé”, os agentes da Abin foram instruídos a procurar pelos casos em fontes abertas, como sites de pesquisa, e não usar o sistema da agência que permite busca em dados sigilosos. Em comunicado, a agência garantiu que cumprirá o seu papel, mas destacou que observará direitos individuais. “A Abin continuará a cumprir seu papel, estabelecido em leis e decretos vigentes, com irrestrita observância dos direitos e garantias individuais, fidelidade às instituições e aos princípios éticos, que regem os interesses e a segurança do Estado”, afirmou a agência.

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2021-05-08T07:00:00.0000000Z

2021-05-08T07:00:00.0000000Z

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