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Transformação e ciência

SUZANA KAHN

Muito se fala em transição energética, transformação digital e na Quarta Revolução Industrial (convergência das tecnologias digitais, físicas e biológicas) como vetores de uma nova economia, que requererá profissionais cada vez mais qualificados e versáteis. Há uma necessidade fundamental de aprender a viver neste mundo VUCA, um acrônimo, em inglês, de origem militar significando: volatilidade, incerteza, complexidade, ambiguidade.

A volatilidade é por conta das mudanças, sobretudo tecnológicas, muito rápidas, provocando resistência daqueles que não conseguem mudar e angústia dos que não acompanham a evolução da tecnologia. A incerteza é devida à falta de clareza acerca das soluções para os problemas que surgem, uma vez que são novos, sem um modelo anterior a ser seguido. A complexidade é consequência de um mundo cada vez mais conectado, multifacetado e interligado. Por fim, a ambiguidade, que é o resultado de inúmeras possíveis formas de interpretar e analisar diferentes contextos, onde se aumenta a relatividade que leva a uma maior falta de clareza e de certezas.

Neste momento, a universidade se mostra ainda mais importante para oferecer soluções voltadas para as grandes transformações. A Coppe/ UFRJ —um dos maiores centros de pesquisa e ensino em pós-graduação de engenharia na América Latina — continua estabelecendo metas para se manter na vanguarda. Como a descarbonização será provavelmente a transformação tecnológica mais acelerada dos últimos séculos, criou o Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono, onde são agrupados os diferentes laboratórios do complexo da Coppe que lidam direta ou indiretamente com o tema, oferecendo soluções para a redução de emissões a diferentes setores da sociedade.

A revolução digital, base da nova economia, também terá uma abordagem transversal com a criação da Coppe IA - Inteligência Artificial, onde parceiros externos também farão parte, pois o motor da inovação exige parcerias entre governo, empresas e universidades. A inovação e o empreendedorismo têm papel fundamental como impulsionadores do progresso, com novas ideias, soluções e oportunidades para indivíduos, empresas e comunidades. O empreendedorismo é o veículo que dá vida à inovação. É a mentalidade e a ação de transformar ideias em negócios viáveis. A Coppe reforçará seu ecossistema de inovação, fornecendo o ambiente adequado para desenvolvimento de ideias e produtos disruptivos, de tal forma que possamos ampliar a criação de empregos para os profissionais altamente qualificados que se formam e fortalecer as ações de empreendedorismo social para a solução de problemas locais.

A integração desses elementos permitirá um ambiente estimulante para a comunidade. Também é preciso dar maior importância à aprendizagem, além de focar somente no ensino e integrar problemas práticos da indústria à sala de aula por meio de novos formatos. Áreas de conhecimento transversal deverão ser estruturadas de maneira a contemplar a complexidade e ambiguidade do mundo atual. Como a volatilidade das mudanças tende a ser cada vez maior, a Coppe acelera cada vez mais.

Áreas de conhecimento transversal deverão ser estruturadas de maneira a contemplar a ambiguidade

Suzana Kahn, engenheira, é especialista em mudanças climáticas e futura diretora da Coppe/UFRJ

N. da R.: Carlos Alberto Sardenberg voltará a escrever em 22 de julho

Opinião Do Globo

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2023-07-15T07:00:00.0000000Z

2023-07-15T07:00:00.0000000Z

https://infoglobo.pressreader.com/article/281569475200644

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