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Aumanoda eleição, Crivella aumenta gastos

O prefeito Crivella anunciou pacote de obras de R$ 400 milhões, sendo R$ 300 milhões para a conservação de ruas, três vezes mais que o gasto anual nessa área nos dois primeiros anos do mandato. As intervenções terminam em outubro de 2020, às vésperas da eleição.

No mesmo dia em que funcionários das clínicas da família do município cruzaram os braços por falta de pagamento, o prefeito Marcelo Crivella anunciou um pacote de obras na área de conservação — asfalto e recuperação de calçadas, entre outras ações — que devem ser concluídas em outubro do ano que vem, às vésperas das eleições. Ao todo, serão gastos R$ 400 milhões nessas intervenções. Desse total, R$ 300 milhões serão exclusivamente para conservação de ruas, o que equivale a três vezes o valor anual gasto com a mesma despesa nos dois primeiros anos de gestão de Crivella.

Como antecipou a coluna de Ancelmo Gois, serão feitos 150 quilômetros de asfalto. A prioridade dada por Crivella a conservação, em meio à crise na saúde, foi criticada ontem por vereadores da oposição.

—O que pesou foi o calendário eleitoral. O prefeito quer atender às bases de vereadores que votaram contra o processo de impeachment — disse o vereador Paulo Pinheiro (PSOL). — Claro que é preciso pavimentar. Mas, a rua esburacada quebra carro, enquanto uma unidade de saúde sem dinheiro destrói vidas.

Pinheiro desconfia que os recursos, que estão escassos, podem ter sido obtidos, justamente, a partir de cortes na saúde. Coma reformada atenção primária, implementada este ano, Crivella cortou 30% da verba destinada a OSs que administra mas clínicas da família, o equivalente acerca de R$ 200 milhões. Desde então, 2.200 profissionais foram demitidos, e 176 equipes de saúde da família acabaram. Os funcionários que permaneceram estão sem receber salários. O vereador disseque a justificativa era direcionar recursos par aos hospitais, mas, segundo ele, isso não aconteceu. Pinheiro observou que o orçamento da saúde este ano, que era de R$ 5,3 bilhões, teve R$ 600 milhões remanejados.

CRIVELLA FALA EM ECONOMIA

De acordo com o gabinete da vereadora Teresa Bergher (PSDB), o município, em 2017 e 2018, gastou, em média, R$ 110 milhões em conservação (pavimentação, revitalização de vias públicas, entre outros serviços). Este ano, até agora, foram apenas R$ 66,7 milhões liquidados.

Agora, dos R$ 400 milhões divulgados, R$ 300 milhões serão gastos com esse tipo de serviço. O Programa Pavimenta Rio ficará com R$ 100 milhões e outros R$ 200 milhões serão destinados a fresagem e revestimento de asfalto, sinalização horizontal e recuperação de calçadas. Por último, R$ 100 milhões irão para obras de infraestrutura, como drenagem, contenção de encostas e coleta e tratamento de esgoto em comunidades. Como O GLOBO revelou no domingo, só 29% (R$ 161,6 milhões) foram liquidados para prevenção de chuvas este ano. Nos temporais de fevereiro e abril, 17 pessoas morreram.

—O prefeito tem que explicar de onde vai tirar dinheiro para fazer, no último ano, o que deixou de fazer nos três primeiros anos de gestão — questiona Teresa.

Ex-todo poderoso de Crivella, que rompeu com o governo no início ano, o vereador Paulo Messina (PRTB) afirma que o prefeito “não tem dinheiro nem orçamento para os gastos de R$ 400 milhões em conservação”:

— É uma manobra orçamentária para emitir papel sem ter dinheiro. O projeto orçamentário que chegou à Câmara prevê uma receita de R$ 32 bilhões para 2020. Nos últimos três anos, a receita não passou de R$ 28 bilhões. Ele vai gastar, mas o dinheiro não vai entrar.

Durante o anúncio, Crivella garantiu que o investimento será possível graças a cortes e ao aumento da arrecadação:

—Até semana passada, pagamos R $4,8 bilhões em dívidasassumida sem obras para a Olimpíada. Com muita austeridade, cortes de despesas e sacrifícios, conseguimos reservar R$ 400 milhões para um grande plano de infraestrutura e conservação.

Pelo planejamento da prefeitura, 40 mil buracos serão tapados, oito mil vazamentos e afundamentos de via, consertados e recuperados 50 mil metros quadrados de passeios públicos. Empis tasco moas da orla, onde não há necessidade de substituir todo o asfalto, será usado revestimento de polímero. Os trabalhos já começaram no Aterro do Flamengo.

Em agosto do ano passado, Crivel la anunciou um mutirão do asfalto, que taparia buracos em 210 vias, em dois dias. Ontem, as ruas São Clemente e Voluntários da Pátria, que foram beneficiadas à época, tinham ondulações e desgastes no asfalto em vários pontos. Em apenas cinco quilômetros de orla da Barra, foi possível contar 90 buracos. A funcionária do quiosque Bar & Co, Rafaela Ennes reclama:

—É um absurdo.